sábado, junho 29, 2013

Tom Zé- POVO NOVO

PARA REFLEXÃO DOS PATRIOTAS E LUTADORES DO POVO!!


publicou no Face e trago para o Blog para reflexão!!
  • Brasil: um novo ciclo de lutas populares? -
     por Atilio A. Boron

    Os grandes protestos e manifestações no Brasil demoliram, na prática, uma premissa cultivada pela direita e assumida também por diversas formações de esquerda – começando pelo PT e seguido por seus aliados. Com a garantia do “pão e circo”, o povo – desorganizado, despolitizado, decepcionado por dez anos de governo petista – humildemente aceitaria que a aliança entre as velhas e as novas oligarquias continuassem governando sem maiores sobressaltos. A continuidade e eficácia do programa "Bolsa Família" assegurou o pão, e a Copa do Mundo (e seu prelúdio, a Copa das Confederações, em seguida, os Jogos Olímpicos) traria o circo necessário para consolidar a passividade política dos brasileiros. Este ponto de vista não só equivocado, mas profundamente reacionário (e quase sempre racista), foi destruído nos dias de hoje, revelando a curta memória histórica e o perigoso autismo da classe dominante e seus representantes políticos, que se esqueceram de que o povo brasileiro costumava ser o protagonista de grandes dias de luta. E os seus períodos de quietude e passividade se alternam com episódios de mobilização repentina que ultrapassam o estreito quadro oligárquico de um Estado superficialmente democrático. Basta lembrar as grandes manifestações populares que impuseram eleição presidencial direta em meados dos anos 80, que precipitaram a renúncia de Fernando Collor de Mello, em 1992, e a crescente onda de lutas populares que possibilitaram a vitória de Lula em 2002.

    A passividade subsequente, incentivada por um governo que escolheu governar para os ricos e poderosos, criou a errônea impressão de que a expansão do consumo de uma ampla camada do universo popular era o suficiente para garantir indefinidamente o consenso social. Uma péssima sociologia se combinou com a traidora arrogância de uma tecnocracia estatal que, ao entorpecer a memória, fez com que os acontecimentos fossem tão surpreendentes como um raio em um dia de céu azul. A surpresa emudeceu uma casta política de discurso fácil e efetivista, que não podia compreender – e muito menos conter – o tsunami político que irrompeu nada menos que dos fãs da Copa das Confederações. Foi notável a lentidão da resposta do governo, desde os municipais até os governos estaduais, chegando ao próprio governo federal.

    Especialistas e analistas associados ao governo agora insistem em colocar sob a lupa estas manifestações, assinalando sua natureza caótica, a sua falta de liderança e a ausência de um projeto político de mudança. Seria melhor que, em vez de exaltar as virtudes de um fantasioso "pós-neoliberalismo" de Brasília e pensar que os ocorridos estão relacionados com a falta de políticas públicas governamentais para um novo agente social, a juventude, dirigissem seu olhar para os déficits da gestão do PT e seus aliados, em uma ampla gama de temas cruciais para o bem-estar dos cidadãos. Pensar que os protestos foram causados pelo aumento de 20 centavos nas tarifas do transporte público em São Paulo é o mesmo que, em termos relativos, dizer que a Revolução Francesa ocorreu porque, como você sabe, algumas padarias na região da Bastilha tinham aumentado em alguns centavos o preço do pão. Esses propagandistas confundem o gatilho que desencadeou a revolta popular com as causas profundas que a provocaram, que estão relacionadas com a enorme dívida social da democracia brasileira, apenas atenuada nos últimos anos do governo Lula. O gatilho, o aumento no preço do bilhete de transporte urbano, teve eficácia porque, de acordo com alguns cálculos, para um trabalhador ganhando apenas o salário mínimo em São Paulo, o custo diário de transporte para ir e vir do trabalho equivale a pouco mais de um quarto da sua renda.

    Mas isso só poderia desencadear a onda de protestos porque foi combinado com o estado deplorável dos serviços públicos de saúde, o viés classista e racista do acesso à educação, a corrupção do governo (um indicador: a presidente Dilma Rousseff demitiu vários ministros por este motivo), a ferocidade repressiva imprópria de um Estado que se reivindica como democrático e a arrogância tecnocrática dos governantes, em todos os níveis, diante das demandas populares que são despercebidas sistematicamente; caso da reforma da previdência social, ou da paralisada Reforma Agrária, ou das reclamações dos povos originários diante da construção das grandes barragens na Amazônia. Com esses assuntos pendentes, falar de “pós-neoliberalismo” revela, na maioria dos casos, indolência de espírito crítico; e pior, uma deplorável e incondicional submissão ao discurso oficial.

    A combinação explosiva mencionada acima se soma ao crescente abismo que separa a comunidade da cidadania e da “partidocracia” governante, incessante tecedora de toda sorte de inescrupulosas alianças e transformismos que burlam a vontade do eleitorado, sacrificando identidades partidárias e destacamentos ideológicos. Não por casualidade todas as manifestações expressavam seu repúdio aos partidos políticos. Um indicador do custo fenomenal desta “partidocracia” – que consome recursos do erário público que poderiam destinar-se ao investimento social – é dado pelo que no Brasil é chamado de Fundo Partidário, que financia a manutenção de uma máquina puramente eleitoral e que não tem nada a ver com esse "príncipe coletivo", sintetizador da vontade nacional-popular, como disse Antonio Gramsci. Um único dado é suficiente: apesar de a população exigir maiores orçamentos para melhorar os serviços básicos que determinam a qualidade da democracia, o referido fundo passou de distribuir 729 mil reais, em 1994, para 350 milhões de reais em 2012, e está prestes a ser reforçado no decorrer deste ano. Esse número enorme fala eloquentemente do hiato que separa representantes de representados: nem os salários reais e nem o investimento social em saúde, educação, habitação e transporte tiveram essa progressão prodigiosa, experimentada por uma classe política completamente distante de seu povo e que não vive para a política, mas vive, e muito bem, da política, às custas do seu próprio povo.

    Isso é tudo? Não, há outra coisa que causou a fúria dos cidadãos. O custo exorbitante no qual Brasília incorreu por conta da absurda "política de prestígio", que visa transformar o Brasil em um "jogador global" na política internacional. A Copa do Mundo da FIFA e os Jogos Olímpicos exigem enormes gastos, que poderiam ter sido utilizados de forma mais proveitosa para resolver os problemas que afetam as massas. Seria bom lembrar que o México não só organizou uma, mas duas Copas do Mundo, em 1970 e 1986, além dos Jogos Olímpicos em 1968. Nenhum destes fatos converteu o México em um jogador global da política mundial. Mais ainda, serviram para esconder os verdadeiros problemas, que irromperam duramente os anos 90 e perduram até os dias de hoje naquele país. De acordo com a lei aprovada pelo Congresso brasileiro, a Copa do Mundo tem um orçamento inicial de 13,6 bilhões de dólares, o que certamente irá aumentar à medida que se aproxima a abertura do evento, e estima-se que os Jogos Olímpicos exigirão um número ainda maior. Convém lembrar aqui uma frase de Adam Smith, quando ele disse que "aquele que é imprudente e insensato em lidar com as finanças familiares não pode ser responsável e sensato na gestão das finanças do reino". Quem em sua casa não dispõe de renda suficiente para garantir a saúde, educação e moradia adequada para a sua família não pode ser elogiado quando gasta o que não tem em uma festa caríssima.

    A dimensão deste despropósito é representada graficamente, como observa com perspicácia o sociólogo e economista brasileiro Carlos Eduardo Martins, quando compara o custo do programa “Bolsa Família”, 20 bilhões de reais por ano, com os que devoram os juros da dívida pública: 240 bilhões de reais também anuais. Isso significa que, em um ano, os tubarões financeiros do Brasil e do exterior, crianças mimadas do governo, recebem como compensação por seus empréstimos fraudulentos doze planos equivalentes ao "Bolsa Família". De acordo com um estudo realizado pela Auditoria Cidadã da Dívida, em 2012, as despesas com juros e amortizações da dívida consumiram 47,19% do orçamento nacional; em contraposição, foram dedicados à saúde pública apenas 3,98%; à educação, 3,18%; e ao transporte,1,21%. Isso não é diminuir a importância do "Bolsa Família", mas ressaltar a gravidade chocante da sangria causada por uma dívida pública ilegítima desde a sua raiz, o que fez com que os banqueiros e especuladores financeiros sejam os principais beneficiários da democracia brasileira ou, mais precisamente, da plutocracia reinante no Brasil.

    Assim, Martins tem razão quando observa que a dimensão da crise requer mais do que reuniões de gabinete e conversas com alguns líderes de movimentos sociais organizados. Ele propõe, ao invés disso, um plebiscito para a reforma constitucional para reduzir os poderes da “partidocracia” e realmente fortalecer a cidadania, ou para revogar a lei de auto-anistia para a ditadura, ou para realizar uma auditoria integral sobre a escandalosa gênese obscura da dívida pública (como fez Rafael Correa no Equador).

    Também acrescenta que não basta dizer que 100% dos royalties decorrentes da exploração do enorme campo de petróleo do pré-sal serão dedicados, como Dilma Rousseff afirmou, à educação, na medida em que não diz qual será a proporção que o Estado captará das empresas petroleiras. Na Venezuela e no Equador, o Estado mantém a título de royalties entre 80% e 85% do que é produzido na boca do poço. E no Brasil, quem fixará essa porcentagem? O mercado? Por que não estabelecê-la através de uma democrática consulta popular?

    Como pode ser inferido acima, é impossível reduzir a causa da manifestação popular no Brasil a uma eclosão juvenil. É prematuro prever o futuro dessas manifestações, mas uma coisa é certa: o "que se vayan todos!" da Argentina, em 2001-2002, não conseguiu estabelecer-se como uma alternativa de poder, mas pelo menos mostrou os limites que nenhum governo poderia ultrapassar, sob o risco de ser derrubado por uma nova revolta popular. Além disso, as grandes manifestações na Bolívia e no Equador mostraram que suas fraquezas e sua ignorância, tais como aquelas no Brasil de hoje, não impediram a derrubada dos governantes que apenas fizeram para os ricos. As massas que tomaram as ruas em mais de cem cidades no Brasil talvez não saibam para onde vão, mas na sua marcha podem acabar com um governo que claramente escolheu colocar-se a serviço do capital.

    Brasília deveria olhar para o que aconteceu nos países vizinhos e tomar nota desta lição, que anuncia um aumento dos níveis de ingovernabilidade se persistir em sua aliança com a direita, com os monopólios, o agronegócio, o capital financeiro e com os especuladores que sangram o orçamento público do Brasil. A única maneira de sair desta é pela esquerda, potencializando não o discurso, mas feitos concretos, o protagonismo popular, e adotando políticas consistentes e coerentes com o novo sistema de alianças. Não seria exagero prever que um novo ciclo de lutas populares estaria começando no gigante sul-americano. Se assim for, o mais provável seria uma reorientação da política brasileira, o que seria uma notícia muito boa para a causa da emancipação do Brasil e de toda a nossa América.

    Atilio A. Boron é sociólogo argentino.

    Traduzido por Daniela Mouro

    Fonte: Correio da Cidadania, quinta-feira, 27 de junho de 2013

sexta-feira, junho 28, 2013

TomZé nas ruas e com o povo!!

POVO NOVO

Lula não foge a luta e se dispõe a ir para as ruas tambem!!

Lula convoca movimentos sociais para ir à ruas pelo Brasil


Ex-presidente e um dos principais atores políticos do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva assume o seu papel de liderança nos movimentos sociais que tomaram as ruas do país, em uma série de manifestações que chega à sua segunda semana. De sua base, na sede do Instituto Lula, o principal aliado da presidenta Dilma na elaboração de uma agenda política para a realização de um plebiscito, intensifica os encontros com os movimentos sociais.


Lula convoca movimentos sociais
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta capital, os integrantes dos movimentos sociais.

No mais recente encontro, na véspera, com jovens de grupos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a União da Juventude Socialista (UJS), o Levante Popular da Juventude e o Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), Lula ofereceu o diapasão para afinar o discurso dos movimentos sociais.

Em lugar da esperada mensagem de conciliação e o pedido de calma aos manifestantes, o momento é de “ir para a rua”, afirmou o ex-presidente. A reunião, no bairro do Ipiranga, em São Paulo não contou com a presença do Movimento Passe Livre (MPL), nem do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

"O (ex-)presidente queria entender essa onda de protestos e avaliou muito positivamente o que está acontecendo nas ruas", disse a jornalistas André Toranski, presidente da UJS, que conta majoritariamente com militantes do PCdoB.

Outro participante do encontro, que preferiu o anonimato, afirma que Lula “colocou que é hora de trabalhador e juventude irem para a rua para aprofundar as mudanças. Enfrentar a direita e empurrar o governo para a esquerda. Ele agiu muito mais como um líder de massa do que como governo. Não usou essas palavras, mas disse algo com ‘se a direita quer luta de massas, vamos fazer lutas de massas”.

Em nota publicada em seu perfil na rede social Facebook, na última quinta-feira, Lula já se mostrava favorável às manifestações ocorridas desde o último dia 13 em várias cidades do Brasil: “Ninguém em sã consciência pode ser contra manifestações da sociedade civil, porque a democracia não é um pacto de silêncio, mas sim a sociedade em movimentação em busca de novas conquistas”, declarou.

Em São Paulo, Lula apoiou a negociação entre o governo e os manifestantes, que reclamavam do aumento no preço da passagem de ônibus. Na ocasião, o ex-presidente demonstrou confiança no trabalho do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, ministro da Educação durante seu governo.

"Estou seguro, se bem conheço o prefeito Fernando Haddad, que ele é um homem de negociação. Tenho certeza que dentre os manifestantes, a maioria tem disposição de ajudar a construir uma solução para o transporte urbano", afirmou. Apenas alguns dias depois, Haddad revogou o aumento de R$ 0,20 no preço da passagem.

Plebiscito

De sua parte, a presidenta Dilma também seguiu os conselhos do amigo e antecessor no cargo e vem promovendo, desde o início desta semana, uma série de encontros com os movimentos sociais. Na véspera, Dilma recebeu os representantes de oito centrais sindicais e dedicou 40 minutos da reunião para explicar aos dirigentes como serão norteadas as ações para os cinco pactos anunciados pelo governo – com vistas à melhoria dos serviços públicos – e destacou a importância de ser convocado um plebiscito no país para discussão da reforma política. Embora a presidenta não tenha sido explícita no apelo às centrais, a sua fala na abertura do encontro foi vista pela maior parte dos presentes como uma forma de pedir o apoio das entidades para as medidas divulgadas nos últimos dias.

A presidenta admitiu que é preciso aprimorar a interlocução com as centrais e disse concordar com as críticas das ruas sobre a qualidade dos serviços públicos. Afirmou, ainda, que a pressão das mobilizações está correta e ajuda na transformação do país. Participaram do encontro representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e Força Sindical, bem como Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), CSP-Conlutas e Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), além de técnicos do Dieese.

Os sindicalistas apresentaram os principais itens definidos na pauta traçada nos últimos dias com solicitações ao governo, tais como melhorias na qualidade do transporte público e redução das tarifas, mais investimentos na educação e na saúde, retirada de tramitação, no Congresso, do Projeto de Lei 4.330 – referente à regulamentação das atividades de terceirização, fim do fator previdenciário e aumento dos valores das aposentadorias, reforma agrária e redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais. Dilma deixou claro que essa pauta será negociada como um todo e que o governo apresentará uma resposta até agosto.

Das ruas às urnas

Para Luiz Carlos Antero, jornalista e escritor, colunista e membro da Equipe de Pautas Especiais do sítio Vermelho.org, o plebiscito pela reforma política é uma das propostas que “podem surtir um maior impacto”. Em um debate mais amplo, segundo o analista, “pode contribuir para uma maior participação popular e para aprofundar a democracia no Brasil, destacando-se em especial aspectos como o do financiamento público de campanhas”.

“Entretanto, ainda mais que compreender o que se passa no Brasil no atual momento, é indispensável e urgente o esforço da apresentação de um afirmativo e unitário programa popular e democrático enquanto fio condutor das lutas de rua — para as quais qualquer pauta institucional e toda pausa na movimentação terá um sentido provisório e cumulativo, distante do improvável êxito do pensamento ou desejo de uma nova acomodação”, afirma.

Fonte: Correio do Brasil

quinta-feira, junho 27, 2013

Porque nossos artistas não estão nas ruas com o povo!!


Vem pra rua, Caetano! -


 O Blog do Luiz Aparecido de hoje, em www.luizap.blogspot.com traz interessante e instigante carta aberta de Marilia Moschkovich a Caetano Veloso, o falastrão artista, que apesar de sua genialidade musical, anda meio sem rumo, se nega a usar GPS e gosta de dar paplpites que considera infaliveis, a tudo. Até agora, só o tambem baiano TomZé, dos aristas conhecidos, mostrou sua cara e lança uma musica "Povo Novo" falando  dos ultimos acontecimentos brasileiros, ainda no calor das batalhas de rua. Lembro-me de 1968, quando na famosa "Passeata dos 100 mil", no Rio de Janeiro, Odete Lara, Chico Buarque, Milton Nascimento e outros grandes artistas da época, encabeçavam a manifestação. Cadê os nossos artisas de agora. E uma boa pergunta!!!

Esse silêncio todo me atordoa - por Marília Moschkovich, do seu blog

Lembra desses tempos, Caetano?

UMA CARTA A INTELECTUAIS, ARTISTAS E POLÍTICOS, QUE PERMANECERAM EM SILÊNCIO ATÉ QUE TUDO ESTIVESSE RAZOAVELMENTE ENCAMINHADO.


CARO CAETANO VELOSO,


hoje recebi de um amigo o seu texto chamado “Bonito”. Tá bonito, teu texto, é fato. Não sei se era isso que você queria. Confesso que já faz algum tempo que não entendo muito bem onde você se posiciona (em cima do muro? ou não?) e depois de certas declarações desisti de entender. Começo a achar que você, como tantas pessoas que foram às ruas nos últimos dias, não defende nenhum tipo de projeto para a sociedade brasileira.
A diferença é que essa multidão bonita apenas deu o “start” em sua formação política. Você não, Caetano. Você deveria saber. A experiência de estar nas ruas (você sabe, e eu sei), ver a política com os próprios olhos, é transformadora. 
Por isso eu esperava mais de você. De vocês - intelectuais, artistas, políticos que sempre defenderam um projeto mais justo e igualitário para a sociedade brasileira. Que me ensinaram em versos de canções, discos incríveis, comícios e passeatas, o poder que tem a defesa pública e clara de um posicionamento político. Você devia saber, Caetano.
Não gostaria que me poupasse de suas críticas, veja bem. Não é isso. Gostaria, a bem da verdade, que suas críticas não viessem de textos lidos, imagens na internet, notícias de jornais que sempre reforçaram projetos nos quais você (pelo menos quando jovem) não parecia acreditar. Gostaria, Caetano, que você fosse às ruas. Não mais como um igual, um na multidão, porém, que você já não é.
Você, Caetano, e tantos de vocês que nos inspiram, sabem o poder de uma figura pública no contexto de violência policial. Ora, Caetano, se você, a Sra Luiza Erundina, o Sr Eduardo Suplicy, Gilberto Gil, Chico Buarque, entre tantas outras pessoas, estivessem na linha de frente das manifestações, se estivessem nas ruas, eu duvido que a violência policial tivesse sido tanta. Sem falar nos protestos da periferia, que estão sendo reprimidos com munição real.
Ir às ruas apoiar essa coisa que você diz achar tão bonita, seria sua maior contribuição com esse momento político. Vocês tiveram o poder de garantir maior segurança a manifestantes e não usaram. Por quê? Enquanto eu, fora da cidade, recebia os relatos de amigos encurralados na Augusta pelo choque, só conseguia pensar: onde estavam vocês?
O que eu quero dizer, Caetano, é que é muito fácil, do conforto da distância, e após duas semanas inteiras de protesto se omitindo, chamar uma intuição, uma experiência, de paranoia. A história, você deve saber, ganha sentido conforme acontece. Reinterpretamos. Em tempos como esses, tudo tão incerto, todos tão confusos e tantos interesses em jogo, é preciso estar atento e forte. Não foi você quem disse isso?
Eu só espero, Caetano, que em vez de falar de longe, você perceba que é melhor ficar por perto. Se informe nas ruas. Construa sua própria experiência desse momento político que, embora tenha pontos em comum com o passado, é outro. Nem você, nem eu, jamais vivemos o que está por vir.
Vem pra rua, Caetano.
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sexta-feira, junho 21, 2013

DEMOCRATAS E PROGRESSISTAS DEVEM IR ÁS RUAS!!!!

Entender e atender às cartolinas e derrotar a direita
Por Adalberto Monteiro

Com caneta, lápis, pincel, batom, carvão, as pessoas grafam em cartolinas um conjunto de direitos que lhe são negados: saúde, transporte, educação, segurança, fim da corrupção... Tudo legítimo. Todavia, a grande mídia e a direita tentam manipular as justas manifestações do povo para desestabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff.
Ao contrário de 1984 e de 1992, quando eclodiram insurgências do povo que guardam semelhança em dimensão com as que agora ocorrem no país, a torrente de gente que corre no leito das avenidas expressa em cartolinas escritas à mão dezenas e dezenas de exigências para melhorar a vida do povo e tirá-lo do sufoco. Em 1984, uma única exigência continha todo o resto: Diretas-Já, contra a ditadura pela democracia. Em 1992, contra a corrupção e o neoliberalismo que se desencadeavam no país, uma cartolina unitária: Fora Collor!  O que distingue também 1984 e 1992 de 2013 é que os dois primeiros tiveram à frente das mobilizações forças políticas e sociais organizadas.  Agora, em 2013, na ausência desta coordenação democrática, a grande mídia, a serviço do campo político reacionário, procura assumir o comando.
No dia de ontem, 19, mais de um milhão de pessoas foram às avenidas e praças de dezenas de cidades, de vários estados, com espírito cívico e brio, tão característicos dos brasileiros. O povo gritou alto aos governos que merece e exige uma vida melhor. Isto dito nas cartolinas com mil e um dizeres, com criatividade e rebeldia. Na cidade do Rio de Janeiro, os manifestantes fixaram suas mensagens grafadas nas cartolinas numa grade de uma das avenidas.  Com este gesto, o povo mandava um recado: leiam, nos entendam e nos atendam! (Posteriormente gangues de vândalos botaram fogo em tais mensagens.) Gangues que do mesmo naipe criminosamente tentaram atear fogo no Ministério das Relações Exteriores.
A grande mídia, a serviço da oligarquia financeira que está furiosa com a redução dos juros, tenta a todo custo tutelar e manipular as manifestações legítimas do povo. De modo golpista, busca induzir os manifestantes a escreverem nas cartolinas “Fora Dilma”. Mas o povo, até aqui, tem rejeitado essa ordem que vem dos “sargentões” que dos estúdios de TV tentam se colocar na condição de “comando geral” das manifestações. Com caneta, com pincel, com lápis, com batom, com carvão, as pessoas grafam um conjunto de direitos que lhe são negados: saúde, transporte, educação, segurança, fim da corrupção...
A grande mídia também dá cobertura – e quase aplaude – à ação de grupelhos inimigos da democracia, fascistóides mesmo, que no dia de ontem, nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, agrediram manifestantes tão somente porque portavam bandeiras de seus partidos ou entidades de trabalhadores. E esta violência foi dirigida contra a esquerda. Para estas  truculentas hordas que nada têm a ver com o espírito democrático do povo brasileiro, bastava alguém trajar a cor vermelha para ser alvo de hostilidade. A quem interessa essa caçada aos partidos de esquerda, senão aos reacionários golpistas que ao longo da história sempre tentaram botar abaixo ciclos políticos progressistas?
A própria coordenação do Movimento Passe Livre (MPL) que inicialmente coordenava as manifestações pela redução da passagem, se pronunciou no dia de hoje, que no momento não irá fazer novas mobilizações, em razão destes atos violentos contra militantes de partidos que apoiam essa luta e também pela pauta conservadora quem vem ganhando destaque  nas ruas.
A esquerda nasceu nas ruas, nas barricadas das lutas operárias, juvenis e democráticas. Ela  se irmana com o povo, e repudia os vândalos e as gangues que tentam se infiltrar nas suas passeatas. E mais cabe a esquerda e ao conjunto das forças democráticas atuarem para derrotar esta tentativa da direita de manipular as manifestações com intuito de desestabilizar um governo que já demonstrou compromisso com a democracia, a soberania nacional e o progresso social.
A presidenta Dilma Rousseff, em alto e bom som,  se pronunciou considerando as manifestações como resultantes da democracia que o povo reconquistou em 1985 e que se ampliam – embora sem a velocidade necessária – desde 2003, com o início do governo Lula. Trata-se agora de seu governo: ler, entender e atender aos dizeres, às exigências das cartolinas! Nelas se destacam os graves problemas das cidades cujas soluções demandam uma reforma urbana que o conservadorismo sempre obstruiu. A melhoria do Sistema Único de Saúde que hoje não consegue garantir atendimento de qualidade a quem mais precisa dele, justamente os trabalhadores e os mais pobres. Uma educação pública de qualidade que requer 10% do PIB.
Enfim, o governo da presidenta Dilma Rousseff que, assim como governo Lula , nasceu das lutas do povo tem legitimidade e deve ter sensibilidade para responder os justos anseios do povo brasileiro, melhor caminho para derrotar as forças conservadoras que sempre exploram o povo e,agora,  tentar pescar em águas turvas.
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terça-feira, junho 18, 2013

Beth Lorenzotti equaciona uma das questões candentes hoje!!

Vejo aqui muitos "enquanto isso"... falando sobre a vergonhosa aprovação da 'cura gay por' aquela comissão de direitos humanos da Câmara. Eu acho que de qualquer forma, com centenas de manifestantes na Câmara ou nao, essa ignominia seria aprovada. Até agora, cm todo o nosso repúdio, ninguem conseguiu mudar essa comissão. Isso se dá em função do esquema todo do parlamento e da politica em geral, com suas alianças espúrias que todo o mundo conhece. Votar bem nas eleições é bom, mas as bancadas religiosas nos parlamentos crescerão enquanto eles abduzirem corações e mentes, e continuarão a ser eleitos. E se continuarem a se fortalecer ganhando concessões de emissoras de rádio e TV, pagando horarios nobres em grandes emissoras- que são concessões e não teriam o direito de vender nada -- cada vez serão mais poderosos e exigirão barganhas, como as que têm exigido, e mais. Regulação da mídia, que não é censura nem palavrão, mas controle social da comunicação, algo que existe em vários países é mais do que urgente. Isso é só um item. Mas a partir daí, teríamos alguma defesa legal contra o atraso. O restante caberia às consciências dos que exercem o poder.

segunda-feira, junho 17, 2013

JUVENTUDE VAMOS A LUTA!!

Meus queridos camaradas jovens revolucionários, não se preocupem com as ações tresloucadas dos “trotskistas”. Logo  logo eles se transformarão  em guapos representantes da burguesia de onde originam, banqueiros, donos de famosas e caras bancas de advocacia, industriais, representantes do capital monopolista, industriais. Se tiverem sorte, em Palloccis e Dilmas da vida!! È assim a vida e o desenrolar dos acontecimentos. Vamos pras ruas tomar nosso lugar de lutadores pelo povo, o socialismo e a revolução!!!


Movimentos sociais apontam “eixo do mal” no governo


Aliança de Dilma com ruralistas, religiosos e grandes veículos de comunicação barra o avanço das reivindicações da sociedade civil, diz novo presidente do Conselho Nacional de Juventude.
POR EDSON SARDINHA E SYLVIO COSTA | 17/06/2013 07:30


Para Alessandro Melchior, "núcleo duro" do governo impede avanço da pauta dos movimentos sociais
Militantes do PT e dos movimentos sociais estão cada vez mais insatisfeitos e decepcionados com a presidenta Dilma Rousseff e enxergam nela um conservadorismo que remete mais ao ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso do que a Lula. O alerta é feito por um petista, militante do movimento de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT), o estudante de Direito Alessandro Melchior, recém-eleito presidente do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve). “A reforma agrária foi reduzida. A política de combate à homofobia acabou. O governo Dilma é mais conservador na relação com os movimentos sociais”, avalia o paulista de 26 anos, que comandará o órgão composto por representantes da sociedade civil e do governo, vinculado à Presidência da República.
Para Alessandro, Dilma não dialoga com os movimentos sociais porque se aliou ao “eixo do mal”, termo utilizado por ele para se referir ao tripé agronegócio, “fundamentalismo religioso” e grandes veículos de comunicação. Uma aliança sustentada, segundo o petista, pelo “núcleo duro” do governo: as ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Helena Chagas (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) e os ministros Aloizio Mercadante (Educação), Alexandre Padilha (Saúde) e Paulo Bernardo (Comunicações).
Homofobia
Na avaliação dele, esse grupo é responsável por barrar o avanço das pautas apresentadas pelos movimentos sociais e pelo retrocesso no combate à homofobia. “A presidenta disse que não é papel do governo fazer defesa de opção sexual. Isso mostra que ela tem dificuldade de entender o que é avanço de direitos civis e de cidadania”, critica.
Segundo Alessandro, desde que o governo recuou na distribuição do kit anti-homofobia, por pressão da bancada evangélica no Congresso em 2011, o assunto nunca mais voltou à pauta do Ministério da Educação. “Até hoje a gente não conseguiu retomar essa discussão. Não dão abertura para voltarmos a conversar. As informações que a gente tem é que documentos que trabalham com o tema homofobia são vetados, precisam ser reeditados. A palavra homofobia não entra no MEC”, reclama Alessandro.
Endurecimento de críticas
Além da parceria entre o “núcleo duro” e o “eixo do mal”, o perfil centralizador da presidenta Dilma também prejudica a relação com os movimentos sociais, considera o militante. Para ele, falta diálogo entre os ministérios, os ministros pouco se expressam e, quando o fazem, são repreendidos. Uma letargia que não passa incólume aos movimentos sociais, acostumados a uma relação para lá de intensa nos tempos de Lula.
“O posicionamento de todos os movimentos sociais é sempre na evolução da intensidade da crítica ao governo. O MST, a CUT, a UNE, as mulheres, o movimento negro, não há um movimento social que faça uma avaliação positiva do governo. Há sempre um endurecimento de críticas ao governo. O cerco da PF no Ministério de Minas e Energia não me lembrou o governo Lula, mas o governo FHC”, critica.
Sem alternativa
Apesar da relação fria entre o governo e os movimentos sociais, Alessandro avalia que há pouca chance de algum dos pré-candidatos capitalizar a insatisfação dos militantes da sociedade civil com Dilma. Para ele, Aécio Neves (PSDB) representa a “política do cassetete”, Eduardo Campos (PSB) “não tem relação melhor com os movimentos sociais” e Marina Silva (sem partido) “não tem opinião”. “Veja como vamos mal das pernas”, cutuca.
Criado em 2005, ainda no primeiro governo Lula, o Conjuve é ligado à Secretaria Nacional de Juventude e à Secretaria-Geral da Presidência da República. Composto por 20 membros do governo federal e 40 representantes da sociedade civil, tem entre suas atribuições formular e debater políticas de juventude. Alessandro foi eleito em 16 de maio para mandato de um ano.
Natural de São José do Rio Preto (SP), o estudante de Direito Alessandro Melchior, de 26 anos, começou sua militância política no movimento estudantil secundarista, como membro da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes). Integrante da corrente majoritária do PT, Alessandro milita desde 2008 no movimento LGBT, pelo qual foi indicado para ocupar uma cadeira no conselho.
Meia-entrada
Nesta entrevista ao Congresso em Foco, além de criticar o distanciamento de Dilma em relação aos movimentos sociais, o militante também faz ressalvas às políticas de juventude e antidrogas, adotadas pelo atual governo.
O presidente do Conselho Nacional de Juventude joga a toalha quanto à definição de um limite de 40% para a venda de meia-entrada em espetáculos artísticos e esportivos. A cota foi incluída no projeto do Estatuto da Juventude, aprovado no mês passado pelos senadores e que será examinado novamente pelos deputados. “Isso significa que estudantes, adolescentes e idosos vão disputar esses 40% com professores, policiais militares e pastores, todas as diversidades que os estados acharem importante. Aí não haverá meia-entrada para ninguém.”
“Governo Dilma é mais conservador”
Para o novo presidente do Conselho Nacional de Juventude, Alessandro Melchior, atual governo falha na relação com os movimentos sociais, em vez de apostar no diálogo como Lula, e lembra FHC. Leia a íntegra da entrevista
POR EDSON SARDINHA E SYLVIO COSTA | 17/06/2013 07:30

Rodolfo Stuckert/PR
Lula promovia o diálogo com movimentos sociais, enquanto Dilma cerceia ministros, afirma militante LGBT e da juventude

Congresso em Foco – Quais serão suas prioridades à frente do Conselho Nacional da Juventude?
Alessandro Melchior – 
Temos dois eixos. Um é a agenda política externa da sociedade, como a reforma do ensino médio, a democratização dos meios de comunicação e a reforma política. A gente reconhece que não tem possibilidade de impacto real sobre esses temas, mas pode agregar força nesse debate. O outro eixo é o acompanhamento das políticas de juventude no governo federal. Há um entendimento, até no próprio governo, de que a política de juventude hoje é o Prouni (Programa Universidade para Todos), o Fies (Programa de Financiamento Estudantil) e o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego). O Pronatec é feito muito em parceria com o sistema S. Há um marco de demandas de políticas da juventude hoje não reconhecidas pelo governo, como as da população do campo e da comunidade LGBT. Essas áreas priorizadas pelo governo são importantes, mas têm elementos contraditórios.
Que contradições são essas?
O Pronatec tem o objetivo de oferecer 8 milhões de vagas. Essas vagas são ofertadas via sistema S, sem licitação, com professores contratados sem direitos trabalhistas. É um recurso público utilizado por determinada classe social de forma privada. Há suspeitas de problemas na prestação de contas e execução. O problema do Prouni é a falta de fiscalização do ensino superior. Não há controle de qualidade. Geralmente, quem vai para faculdade particular é o estudante pobre, que não tem condições de passar na universidade pública. Aí ele é penalizado pela baixa qualidade de ensino. Hoje o programa Ciência sem Fronteiras, que é supervalorizado no Ministério da Educação, não trabalha com a área de humanas. Acham que só é importante formar em exatas, tecnologia e infraestrutura. Vamos formar, mas para que tipo de sociedade e cidadania? Programas como o Projovem, com elementos de transferência de renda e recuperação de jovens, têm sofrido com o descaso do governo nos últimos dois anos.
Há uma discussão acalorada na sociedade e no Congresso a respeito de temas como drogas e homossexualidade. Na sua opinião, o governo Dilma tem sabido lidar com essas questões?
Um jornalista dizia que havia alguns poucos elementos sombrios no governo Lula. Acho que o governo Dilma começou com mais elementos sombrios do ponto de vista de vários temas. Há descaso total da presidenta Dilma em relação ao tema LGBT. Em 2008, tínhamos de 40 a 50 centros de referência no combate à homofobia. Hoje, se tivermos cinco, é muito. De todo o orçamento destinado ao combate à homofobia do ano passado, nem R$ 1 milhão foi executado. A presidenta disse que não é papel do governo fazer defesa de opção sexual. Isso mostra que ela tem dificuldade de entender o que é avanço de direitos civis e de cidadania. Tem um núcleo duro do governo que combate essa agenda. Os poucos avanços que conseguimos vieram do Judiciário, com o reconhecimento da união civil pelo Supremo Tribunal Federal e a decisão do Conselho Nacional de Justiça que obrigou os cartórios a registrarem esse tipo de união. É importante, mas é muito triste que esses avanços em direitos civis tenham vindo de um poder não político, não legitimado pelo voto popular. Isso mostra como estamos mal das pernas do ponto de vista do poder político, tanto no Legislativo quanto no Executivo.
O que está por trás desses recuos do governo?
Há uma aliança muito forte para garantir a governabilidade, por meio da relação fisiológica com o Congresso, do fundamentalismo religioso e do ruralismo. Brincamos que é o eixo do mal – o apoio à grande mídia, o fundamentalismo religioso e o agronegócio. A manutenção dessa aliança é um erro estratégico que tem dificultado o avanço dessas pautas. Não vejo necessidade de se manter um governo que se diz progressista com uma base conservadora como essa. Isso não faz o país avançar, mas retroceder em direitos. A gente tem problema no interior do governo. No Ministério da Educação, por exemplo, a pauta homofobia não entra.
Não entra por causa do ministro Aloizio Mercadante?
A gente já teve reuniões com o ministro. A simpatia é grande, mas o encaminhamento das pautas é reduzido. O kit homofobia foi vetado ainda na gestão do Fernando Haddad por orientação expressa da Presidência da República. Mas até hoje a gente não conseguiu retomar essa discussão no MEC. Não dão abertura para voltarmos a conversar. As informações que a gente tem é que documentos que trabalham com o tema homofobia são vetados, precisam ser reeditados. A palavra homofobia não entra no MEC.
Isso ocorre desde a paralisação das votações no Congresso, promovida pela bancada evangélica, contra o kit-gay?
Isso, desde o kit-gay e a ameaça de convocação do ministro Antonio Palocci naquela época.
Que avaliação você faz da posição do governo Dilma em relação às drogas?
Do ponto de vista das drogas, há uma miopia maior do governo. Não é só um elemento de disputa de opinião política, é uma questão matemática. Temos no Brasil uma política repressiva, que garante reserva de mercado para o crime organizado. O crime organizado sustenta o sistema financeiro e político em todo o mundo. Em 2008, ano em que estourou a crise financeira, mais de 400 bilhões de dólares foram lavados do crime organizado para o sistema financeiro. Elas sustentam campanhas e não têm impacto na saúde da população brasileira como o álcool e o cigarro. Quem defende o projeto que passou na Câmara é a galera que quer financiar o fundamentalismo religioso por meio das comunidades terapêuticas. Em 2011, o Conselho Federal de Psicologia divulgou relatório que comprovava, após visitas a inúmeras casas terapêuticas vinculadas a entidades religiosas, que muitas dessas casas viraram centros de tortura.
Que consequências essa política antidrogas deixa?
Hoje a política antidrogas é ineficiente, burra, inconsequente, aliada do crime organizado, na contramão do que vem discutido em nível mundial. O próprio governo dos Estados Unidos, que sempre foi propulsor da política de guerra total às drogas, já tem reconhecido que o foco não deve ser mais esse. A OEA vai fazer seminário no final de junho também nesse sentido. Enquanto isso, do ponto de vista interno, temos uma omissão do governo federal que resulta na morte da juventude e no financiamento do fundamentalismo religioso. No Congresso Nacional, quase todos os deputados que defendem a internação compulsória são ligados a essas instituições religiosas.
Você citou o núcleo duro do governo, que seria responsável por esse encaminhamento deformado desses temas. Quem é esse núcleo duro?
Se você analisar a expressão pública da Esplanada dos Ministérios no governo Lula, os ministros falavam, os temas eram discutidos na sociedade, as pastas discutiam entre si. Havia uma vida pública agitada no centro do governo federal. No governo Dilma, isso não existe mais. Ministro não dá entrevista. Quando fala, é altamente cerceado. A ministra Eleonora Menicucci, quando assumiu a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, disse que era, pessoalmente, a favor do aborto. Logo em seguida, teve de se retratar. No inicio do governo, no Fórum Social Mundial, o ministro Gilberto Carvalho disse que uma das prioridades do governo seria a disputa ideológica com setores conservadores, como a bancada evangélica. Foi obrigado a se desculpar. O núcleo duro está fora desses eixos que citei. A Casa Civil é responsável por muitas das dificuldades que as pautas e os direitos sociais têm enfrentado no Brasil, assim como o Ministério da Educação. E existe, ainda, uma diferença de perfil da presidenta Dilma e do ex-presidente Lula.
Esse núcleo duro seria formado por Dilma, Mercadante e Gleisi?
O núcleo duro são os ministérios mais próximos da presidenta, como a Casa Civil, a Secretaria de Relações Institucionais, a Secretaria-Geral da Presidência. O avanço de políticas sociais e garantia de direitos tem sido empacado pela Casa Civil, pela indisposição pessoal da presidenta em comprar brigas, pelo ministro Mercadante e pelo ministro Alexandre Padilha, que tem feito uma gestão recuada no Ministério da Saúde em vários momentos. Os ministros Paulo Bernardo [Comunicações] e Helena Chagas [Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República] também estão inseridos nesse núcleo duro do governo.
E a questão da meia-entrada e da meia-passagem, que o Congresso está definindo no Estatuto da Juventude e numa lei geral? Não há um excesso de benefícios dessa natureza, que acaba prejudicando o restante da população, que paga a conta?
Dá para pensar que existe um exagero. A gente tem de entender que a meia é uma política de ação afirmativa de acesso à cultura para populações que historicamente têm mais dificuldade. Para estudantes, que estão em processo de formação, idosos e professores, tem um elemento de ação afirmativa. Mas há um elemento de excesso também. A questão da renda também deveria ser levada em conta. Você pode ser estudante de escola particular muito cara e, por isso, não precisar dessa ação afirmativa para ter acesso aos bens culturais. O Estatuto da Juventude traz um avanço importante que é garantir a meia-entrada a jovens de baixa renda que não estudam. O problema é que, como não há uma legislação nacional aprovada, o que acontece é que os estados criam política de meia-entrada para policiais, bombeiros, professores de ensino fundamental, médio e universitário. Cada hora um deputado corporativista garante a meia-entrada para a sua categoria. Acaba não existindo meia-entrada para ninguém, porque o valor é maior.
A meia-entrada não inviabiliza grandes grupos artísticos, mas pode prejudicar grupos autônomos, não?
São dois trabalhos paralelos. Quando discutimos a política cultural, é muito no viés de criticar a Lei Rouanet, esse instrumento que dá ao setor privado a possibilidade de garantir o financiamento da cultura no Brasil, de maneira muito elitizada, alcançando o público de artistas de grande expressão. A gente defende a meia-entrada para o público que precisa de política afirmativa para ter acesso aos bens culturais. O que existe de problema é o entendimento de que, com a redução do universo de quem tem direito à meia, o preço vai baixar. Isso não existe. No Senado, o Estatuto da Juventude limitou a 40%. E na Câmara o projeto de lei geral da meia-entrada, relatado pelo deputado Vicente Cândido (PT-SC), também limitou essa cota a 40%. Isso significa que estudantes, adolescentes e idosos vão disputar esses 40% com professores, policiais militares e pastores, todas as diversidades que os estados acharem importante. Aí não haverá meia-entrada para ninguém. O grande defeito desses dois projetos é a falta de fiscalização. Falam de um limite de 40%, mas não dizem como isso será fiscalizado. Os grandes produtores culturais é que vão dizer quando for alcançado o limite.
Que apoio vocês têm para tentar reverter essa decisão na Câmara?
Do ponto de vista da meia-entrada, a gente não tem mais a disposição de fazer esse debate da cota. No mérito, a gente perdeu. Não vamos retomar essa discussão. O Estatuto foi aprovado há mais de um mês no Senado e ainda não foi para a Câmara. A gente desconfia que seja o problema da meia-passagem. É possível que haja um lobby das empresas de transporte coletivo.
Por quê?
O projeto garante direito até duas passagens de ônibus para estudantes e jovens de baixa renda, por veículo, e também direito a meia-passagem a jovens estudantes de baixa-renda. Ele estende o benefício do Estatuto do Idoso para juventude de baixa renda. Isso tem impacto no lucro das grandes empresas, que vão continuar repassando o custo para a grande população. Nunca reduzem o lucro.
Esse pensamento em relação ao governo Dilma é compartilhado por outros setores dos movimentos sociais?
No governo FHC, a relação com os movimentos sociais era ruim. O diálogo com os trabalhadores sem-terra, a CUT e a UNE era na base do cassetete e da cavalaria. No governo Lula, houve aposta no diálogo, com dezenas de conferências nacionais nas áreas da juventude, da comunidade LBGT, das mulheres, da igualdade racial. Todos os temas entravam na agenda do governo. A reforma agrária avançou muito, havia greve no funcionalismo.
Falta esse diálogo no governo Dilma?
Com o governo Dilma, você percebe uma queda desse eixo de gestão que é o dialogo. Há poucos dias o MST ocupou o Ministério de Minas e Energia. A Polícia Federal estava disposta a tirar os militantes na pancada. Não teve greve considerada legal ou legítima pelo atual governo. A reforma agrária foi reduzida. A política de combate à homofobia acabou. O governo Dilma é mais conservador na relação com os movimentos sociais do que o governo Lula. O “eixo do mal” da política nacional – a grande mídia, o fundamentalismo religioso e o agronegócio – tem aliados fortes no governo Dilma. Aliados orgânicos e ideológicos ou cooptados com o processo, que agora entraram para a casa grande.
Quem, por exemplo?
Gente que tem uma síndrome para entrar na casa grande, como o Paulo Bernardo [ministro das Comunicações], o queridinho da grande mídia, e a Gleisi Hoffmann [ministra da Casa Civil], que teve papel fundamental para derrubar a última secretária nacional Antidrogas. O Mercadante quer ser aceito pela casa grande de São Paulo para ser governador. São os aliados atuais do eixo no governo.
Há um sinal de rompimento entre o governo Dilma e os movimentos sociais?
Acho que ainda não há um rompimento. Mas o posicionamento de todos os movimentos sociais é sempre na evolução da intensidade da crítica ao governo. O MST, a CUT, a UNE, as mulheres, o movimento negro, não há um movimento social que faça uma avaliação positiva do governo. Há sempre um endurecimento de críticas ao governo. O cerco da PF no Ministério de Minas e Energia não me lembrou o governo Lula, mas o governo FHC. Eu estava lá. E vi que a galera estava disposta a tirar à força. Quando você precisa ocupar ministério para ser recebido pelo governo é porque o diálogo não é coisa prioritária do governo.
Isso desmobiliza os movimentos sociais?
Não fragiliza, só fortalece. O que fragiliza é a dificuldade das pessoas de entender a diferença entre governo, partido e movimentos sociais, especialmente num governo de esquerda. Não entender a diferença entre eles é que desmobiliza.
E o que muda com a proximidade das eleições presidenciais, em 2014?
Por conta das eleições, quais são as possibilidades mais imediatas? O Aécio, que representa a política do cassetete. O Eduardo Campos, que não tem relação melhor com os movimentos sociais. Vejo disposição do governo em melhorar essa relação do ponto de vista eleitoral, por conta da aproximação da eleição. Mas não vejo disposição em melhorar isso na relação cotidiana ou na definição de políticas. No caso da Marina, a saída dela foi a de ser a candidata insossa da classe média, que tem uma bandeira que a classe média acha bacana, que é o ambientalismo, mas ela não se posiciona. Não tem opinião. Aproximou-se muito da classe média e da grande mídia na ultima eleição e vai cumprir seu papel com o PSDB de levar a eleição para o segundo turno. Com todos os problemas, é melhor um governo Dilma do que um governo Marina. Veja como vamos mal das pernas.
Uma crítica que se faz é que a União Nacional dos Estudantes (UNE) foi cooptada pelo governo federal ao receber grande volume de recursos. Você concorda com essa crítica?
Não acho que foi cooptado. No último congresso da UNE, a nova presidenta fez críticas severas ao governo. Há um reconhecimento de avanço no ensino técnico, embora tenha havido um crescimento ainda maior no governo Lula. Os problemas têm de ser reconhecidos. O governo deveria repassar recursos de forma descentralizada para os veículos de comunicação. Mas centraliza em veículos que têm como centro editorial o racismo, a homofobia, é um absurdo. A gente tem um governo omissão com a política de comunicação. Tanto a UNE quanto a Ubes cumprem o seu papel histórico. Se pegar as pautas de reivindicações, as plataformas do movimento estudantil até hoje, desde as décadas de 1970, são coerentes. O fato de receber recurso público não quer dizer que ela tenha sido cooptada. Bancos e veículos de comunicação também recebem e não são acusados disso.



domingo, junho 16, 2013

MENSAGEM DE DILAIR AGUIAR, FILHO DE DYNÉAS!!

Reproduzo aqui mensagem que Dilair Aguiar, filho dileto de Dynéas Aguiar me enviou.Pungente e emotivo. Sinto o mesmo que ele sobre o pai e por isto nos irmanamos nas homenagens e na tristeza!!


Oi Luiz,
obrigado pelas palavras de carinho. Por aquelas ironias do destino, a Laís também está numa UTI desde terça-feira, com pneumonia -- felizmente, já em recuperação. Envio a mensagem que escrevi dedicada não só ao Dynéas, mas a tantos outros companheiros revolucionários que, mesmo mortos, continuam entre todos nós.

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Quando eu era bem pequeno, o Dynéas costumava ler para mim fábulas e estórias infantis, mas também, de um jeito muito próprio, falava de revoluções e das lutas dos povos, fazendo com que o Pequeno Polegar convivesse com os guardas vermelhos da Revolução Russa. Assim, se me entristecia pela desventura do Soldadinho de Chumbo, vibrava com a promessa de Spartacus e seu exército de escravos: “voltaremos, e seremos milhões!”
Já adolescente, li em algum lugar que, para muitas nações indígenas, ao morrermos nos juntamos aos nossos ancestrais e, ao nascermos, todos eles voltam a viver através de nós. Mesmo descrente do aspecto místico, gostava de especular sobre essa ideia, pensando que, em lugar de nossos antepassados consanguíneos, os avós, bisavós , tataravós e os demais que nos antecederam, nossos ancestrais bem poderiam ser todos aqueles que, em algum momento do longo curso da história da humanidade, se ergueram contra a opressão e pela liberdade.
Nossos verdadeiros ancestrais seriam então os gladiadores que desafiaram o poder de Roma, ou os camponeses alemães que tentaram levar ao extremo a Reforma Protestante e deram a vida em prol da extinção dos privilégios.  Os negros e indígenas que combateram nos quilombos. Os proletários franceses que se sublevaram na Comuna de Paris. Tantos, tantos exemplos... Quantas derrotas contundentes, o amargo sentimento do fracasso inevitável, mas quantas e quantas vitórias esplendorosas, que iluminaram os séculos seguintes!
Hoje, meu pai, Dynéas Aguiar, após décadas de incessante luta pelo comunismo, partiu para se juntar aos seus companheiros de tantos combates, como Amazonas, Grabois, Arruda, Pomar e Arroyo, mas também a outros ancestrais, o espoliado agricultor mexicano que um dia disse basta e se somou ao Exército Revolucionário do Sul de Emiliano Zapata, ou o pequeno vietnamita que pegou em armas contra a dominação japonesa, francesa e estadunidense.
Os guerreiros zulus que puseram abaixo a arrogância das tropas britânicas na batalha de Isandlwana, assim como os indígenas de Touro Sentado que esmagaram a cavalaria do general Custer, em Little Bighorn. Estes são os nossos antepassados, os que passaram da indignação para a luta, sem temer consequências, e deixando um grandioso legado para todos os povos.
Dyneas, Amazonas, Arruda e tantos outros fazem agora parte da legião dos que, desde o início da História, lutaram pelo avanço da humanidade, derrubando tantos e tantos impérios que antes pareciam eternos e invencíveis e hoje não passam de meros e superficiais verbetes enciclopédicos. Eles são os nossos ancestrais, nossos antepassados, a linhagem coletiva da humanidade.
Todos eles se foram. Será mesmo? Quem pode garantir que, quando um jovem palestino arremessa uma pedra contra um blindado israelense, seu braço não é também impulsionado pelo Osvaldão ou a Helenira? Ou no íntimo de um sem-terra, resistindo à prepotência dos latifundiários e seus jagunços, não ecoam as batidas dos pequenos tamborileiros da Revolução Francesa?
Todas, todas essas vidas e lutas estão interligadas. Se o Dynéas não está mais agora entre nós, pode porém estar voltando à vida na Grécia, Espanha, Itália, África, América Latia, Ásia, em todas as partes do mundo onde descendentes dessa formidável ancestralidade coletiva começam a contestar a ordem vigente e, incorporando em si todos os milhões de antepassados combatentes ,  avançam, cada vez mais, na luta pelo fim da opressão, do jugo imperialista.  E a cada gesto de revolta, de indignação, de luta, ali também estão nossos companheiros ancestrais.
Dynéas, agora você está entre os antigos, os antepassados, os ancestrais.  Mas espero também, como garante a cultura indígena, que tanto você como os milhões de nossos ancestrais coletivos continuem a renascer em todas as partes do mundo, dando mais uma valiosa contribuição para o avanço revolucionário, pelo  fim do capitalismo, pelo fim da exploração do homem pelo homem.