segunda-feira, abril 30, 2012

As voltas e as Revoltas que o Mundo dá!! Será que os motins anti-capitalistas do ano passado continuam este ano????


Manifestação anti-capitalista em Londres!
Antonio Martins, o autor!

Novo livro sobre revoltas de 2011 sugere: sistema continua à deriva; sua crise gerará pesadelos; projetos alternativos precisam amadurecer rápido 

por Antonio Martins publigado originalmente no Outras Palavras

Sobre o tema:
Leia entrevista com Paul Mason, autor de Por que tudo está começando, aqui
Inúmeras manifestações, sintonizadas com os movimentos de 2011, estão sendo organizadas no mundo todo, para 12 de Maio. 
Para uma pesquisa internacional (via Google), clique aqui. Para visitar uma das páginas brasileiras, aqui
 
Saiu há semanas, na Inglaterra, um livro especialmente provocador, sobre os movimentos rebeldes de 2011. Seu título, em português, poderia ser Por que tudo está começando1. Seu autor, o jornalista britânico Paul Mason, cobriu quase todas as revoltas sociais que marcaram o ano passado: Cairo, Madri-Barcelona, Atenas, Londres, Madison, Nova York. Mas a obra vai muito além do relato factual. Mason é um estudioso incomum da história das revoluções e do movimento operário; das mutações do capitalismo; das teorias sobre redes, políticas horizontais e internet. Ao articular vivência real nas ruas rebeladas com ferramentas teóricas capazes potentes, ele pôde chegar a três grandes hipóteses – tão esperançosas quanto perturbadoras. Elas aparecem em duas entrevistas recentes: uma, ao site norte-americano Alternet; outra, à revista londrina Red Pepper, traduzida e reproduzida alguns parágrafos adiante.

A primeira hipótese de Mason está diretamente relacionada ao título do livro. Ele ressalta que, apesar de terem surgido em cenários políticos, sociais e culturais muito distintos – de um Egito empobrecido e governado com mão-de-ferro à opulenta e liberal Wall Street –, há uma identidade crucial entre as rebeliões de 2011. Todas elas foram deflagradas pelo “colapso” (aqui, não há meias palavras) do padrão de acumulação capitalista inaugurado no início dos anos 1980.

Mason julga que a crise devastou a capacidade do neoliberalismo para produzir algo sem o quê nenhum sistema se sustenta: esperanças e consensos. Até 2008, elas se mantinham, graças aos diversos aspectos que a financeirização das economias assumiu. O crédito fácil e barato mascarava a redução dos salários e o aumento das desigualdades. A perda de empregos industriais era amenizada por um setor de serviços vasto e, em alguns de seus segmentos, sofisticado e florescente. Os antigos vínculos com a empresa (“sou empregado da GM”), família e nação eram substituídos pela ideia de que, ao consumir produtos de uma determinada marca, garantia-se acesso a um mundo particular (“uso um Iphone”).

No momento em que estas ilusões caem por terra, ressurge (em Tunis, Telavive ou Santiago) um sujeito revolucionário particular. Mason identifica-o como “o jovem bem-formado e sem futuro”. Não é um personagem novo. Tipos assim, frisa o autor, foram centrais para que eclodisse a Revolução Francesa. O que os domesticou por séculos, mais tarde, foi a perspectiva de um trabalho decente e uma vida confortável. Ora, provoca Mason, “o que o neoliberalismo fez, nos últimos trinta anos, foi exatamente destruir estas barreiras”…

A segunda hipótese é terrível. Ao menos no momento, o capital não tem alternativas ao declínio de sua fase pós-industrial. No vácuo, pode emergir uma tragédia. Aqui, Mason parece um ultra-pessimista com alguma razão. Ele lembra, sempre com vasto conhecimento histórico: certas circunstâncias, que os movimentos muito jovens não preveem, acabam levando-os a impasses em que ambas as saídas são trágicas. Herdeira do marxismo, a social-democracia alemã dos anos 1890 esperava chegar ao poder, sem sobressaltos, num processo que se estenderia por trinta anos. A I Guerra Mundial despedaçou seus planos. De um dia para outro, foi preciso escolher entre “tornar-se um recrutador de soldados, para esmagar outros povos, ou cair na clandestinidade”. Pode ser ainda pior. Mason lembra que bastaram cinco anos, na década de 1930, para que Berlim regredisse “de capital liberal da Europa e paraíso dos clubes gays para o inferno fascista da queima de livros em praça pública”. Ele adverte: “não pense que os laços culturais podem evitar esta desgraça. A economia prevalece”.

A terceira hipótese é a mais polêmica e desafiante: ela refere-se à própria natureza dos novos movimentos – suas vantagens e os limites a superar. Para Mason, a horizontalidade que os marca foi até agora, uma enorme vantagem. Ela assegura “ruptura com as hierarquias que poderiam conter o movimento”. Ao mesmo tempo, facilita sua difusão, sua “replicabilidade por gente que não sabe nada sobre teoria”. É algo muito diferente do “conhecimento estruturado e difícil de adquirir dos anos 1970 e 80” – que, além disso, tinha como características “verticalismo, eliminação da dissidência, tentativa de apropriação partidária das lutas coletivas a burocratização”.

Também houve uma clara mudanças de projetos. O livro vê, nas rebeliões contemporâneas, uma postura centrada em valores, não no poder. Procura-se criar “áreas de civilização” – regidas por lógicas, relações e práticas não-capitalistas – em meio à selvageria oferecida pelo sistema. Já deu certo, no passado. Mason refere-se, por exemplo, ao Renascimento, que surgiu, desenvolveu-se e se impôs em meio à velha ordem feudal e eclesiástica. Mas há um problema, ele ressalta: até quando o capitalismo estará aberto a esta convivência?

Neste ponto, embora não abertamente, o livro está em confronto com ideias como as expressas, por exemplo, por Slavoj Zizek. Num dos artigos em que escreveu à época do auge do movimento Occupy, o filósofo esloveno sugeriu que a nova rebeldia não precisava apressar-se, para expressar o que queria; ela deveria dar a si mesmo o tempo de amadurecer seus projetos.

O que Mason parece contra-argumentar é que a História não espera. Nas entrevistas, ele relata que diversos movimentos, ligados à nova cultura política, acabaram perdendo força por não responderem, a tempo, a desafios que surgiram à sua frente. É o caso do Camp for Climate, uma sequência de acampamentos por novas relações sociais com o ambiente. Espalhou-se por vários países, no Norte do planeta, mas acabou se desfazendo. Ou, num exemplo ainda mais expressivo, do UK Uncut, a grande rede britânica de ação contra os cortes de serviços públicos decretados pelo governo David Cameron. Articulou mobilizações maciças e muito bem-humoradas, principalmente nas universidades, em 2010. Mas perdeu boa parte de sua força, quando não conseguiu assumir uma posição clara, diante dos atos de violência praticados por setores do movimento que diziam falar em nome da rede.

O novo cenário internacional que está se abrindo, sugere Mason, vai colocar em tensão o conjunto movimentos rebeldes. Diante da crise do neoliberalismo, as forças políticas e setores sociais retrógrados já têm uma resposta concreta. Na Europa, crescem as organizações de extrema-direita – apoiadas na tentativa de estigmatizar o outro (sejam imigrantes, homossexuais, dissidentes…) e responsabilizá-lo pela crise. Nos Estados Unidos, há o risco de o Partido Republicano conquistar a Casa Branca com um discurso que aponta para “um retorno ao capitaslimo do século 19”: crescimento e crise, laissez-faire, desigualdade, pobreza”.

Aqui, Mason lança sua pergunta crucial: “qual o equivalente a isso”, na esquerda ou nos novos movimentos? Que projeto de novo futuro está sendo apresentado a sociedades que precisam ouvir novos discursos – mas estão amedrontadas e, portanto, suscetíveis até aos apelos mais reacionários? Nas entrevistas, ou autor não sugere nenhum retorno ao verticalismo. Aponta dois, entre muitos caminhos possíveis e não contraditórios entre si. O primeiro, atuar fortemente no plano das soluções parciais e locais, pois “do contrario, a parte mais conservadora da sociedade vai impor suas ideias, apoiada em ligações seculares com a estrutura e a hierarquia do poder”. Outro é tirar proveito das brechas oferecidas pela institucionalidade e construir alternativas que a desafiam – como o Partido Política Pode Ser Diferente, na Hungria. Ou (num exemplo mais recente e ainda mais expressivo) o Partido Pirata alemão, que, após um crescimento meteórico, acaba de se converter no terceiro mais popular no país.

Em quatro semanas, os Indignados espanhóis celebram um ano da ocupação da Puerta del Sol, em Madri. Estão sendo preparados (para 12 de Maio, um sábado) protestos em todo o mundo, inclusive no Brasil. Os movimentos que se propõem a mudar o mundo (“nem políticos, nem banqueiros”, dizia-se em toda a Espanha) precisam refletir intensamente sobre si mesmos. O livro de Mason é uma excelente provocação para tanto. A entrevista do autor a Red Pepper vem a seguir.
 
1Why It’s Kicking Off Everywhere, Verso, Londres, 2012. 244 páginas, 19,95 dólares, à venda via internet.

domingo, abril 29, 2012

Penapolis conquista o Mundo com Sabrina Sato e agora o CAP!!!


Com direito a comemoração da humorista Sabrina Sato no Twitter, o Penapolense empatou em 1 a 1 com o Red Bull Brasil, neste sábado, no estádio Moisés Lucarelli e garantiu seu acesso para a primeira divisão do Campeonato Paulista.
Natural de Penápolis e torcedora declarada do CAP (como o time é chamado entre seus torcedores), a integrante do Pânico na Band não perdeu tempo e comemorou a presença do time de sua cidade na primeira divisão de São Paulo.

SABRINA FALA DA PAIXÃO PELO CAP

"Torço pelo CAP como torço pelo Corinthians, são times do meu coração. Acompanho pelo meu pai e tios, que são torcedores"
O Penapolense abriu o placar aos 30 minutos de jogo, com o atacante Luciano Gigante. Quarto minutos depois, entretanto, os donos da casa empataram a partida com Henan. Neste ponto, Sabrina Sato já havia deixado as primeiras palavras de incentivo ao time que já foi presidido pelo seu avô.
Precisando de uma goleada para subir à elite, o Red Bull Brasil criou diversas oportunidades ao longo do jogo, mas parou na boa atuação do goleiro Ricardo.

quinta-feira, abril 26, 2012

Livro procura esclarecer "justiçamento" de guerrilheiro da ALN ocorrido há quase 40 anos!!!



Esta é uma questão que me aflige pessoalmente desde a época, onde eu também militava na ALN e tinha saído pouco antes para militar na APML e depois PCdoB onde estou até hoje. Sendo o livro de Pedroso Junior, uma luz sobre aquela época de trevas e este episódio sombrio para a Ação Libertadora Nacional-ALN e a própria esquerda armada, é bem vindo. Esperamos agora uma humilde e verdadeira auto - critica dos que protagonizaram os episódios em pauta. Imperdivel a leitura deste resumo e do próprio livro. No final da postagem o endereço eletrônico para adquirir o livro. (Luiz Aparecido)


Márcio, o guerrilheiro.


Cinco anos de pesquisas em busca da verdade histórica sobre este fato ocorrido a mais de 30 anos, foi o tempo que Pedroso Júnior demorou para conseguir pesquisar a verdadeira história de Márcio Leite de Toledo e as razões que culminaram com sua morte. Este triste episódio, ocorrido durante o regime militar, era tratado como tabu pelos militantes das organizações de esquerda que lutaram de armas na mão contra a Ditadura Militar. Afinal, quais as verdadeiras razões que determinaram o assassinato de Márcio Toledo, o Carlos da Ação Libertadora Nacional?
Márcio havia traído a organização e por conseqüência foi justiçado pelos próprios companheiros ou havia sido executado pela repressão e a culpa colocada sobre seus companheiros?
Depois destes longos anos de pesquisa, Pedroso relata neste livro que nenhuma das versões apresentadas durante todos estes anos estava correta. Retornando ao Brasil em final de Maio de 1970, depois de quase dois anos de treinamento de guerrilhas em Cuba, Márcio encontrou a ALN submersa em profunda crise, em decorrência da morte de seu líder e fundador Carlos Marighela e dada a fama com que retornara da Ilha de Fidel, acabou por ser guindado a Coordenação Nacional da Organização, com a finalidade de buscar unir os cacos e reconstruí-la. Quando esta Coordenação encontrava-se reunida, em outubro de 1970, buscando organizar as atividades daquilo que seria denominado “Quinzena Marighela”, para lembrar o líder morto um ano antes, acaba por sofrer outra baixa importante, com a prisão e morte de Joaquim Câmara Ferreira, o “Toledo”, que era o sucessor do ex-deputado baiano no comando da organização. “Toledo” foi preso em virtude da delação do militante José da Silva Tavares, o Severino, o que vinha a comprovar que a repressão conseguirá infiltrar espiões dentro das organizações dos revolucionários.
Com esta queda importante, Márcio começou a propor para o conjunto da organização a que pertencia, a proposta de recuo estratégico na luta, com a retirada das lideranças mais visadas do país e a distribuição dos companheiros que não eram visados pelo interior do país, retomando vida legal, e aguardando o retorno dos militantes do exterior. As lideranças no exterior buscariam organizar um Congresso que unisse todos os combatentes da luta armada em uma única organização, que retornaria a nossa pátria com o nome de Exército de Libertação do Povo Brasileiro com a finalidade de prosseguirem a luta contra o regime militar.
O grupo que assumira o comando da ALN, formado por jovens entusiastas, com idade média de 21 anos, não concordava em hipótese alguma com a proposta de Márcio, o que o levou a querer a discutir a proposta com os militantes que conhecia e mesmo com outras organizações, preparando para tanto um documento onde expunha suas idéias, onde deixava claro de que ninguém poderia “o impedir de ser revolucionário”.
A postura de Márcio de querer rediscutir o caminho da luta armada e o recuo estratégico naquele momento em que as prisões ocorriam diariamente, além das mortes de companheiros importantes para a resistência, acabou sendo interpretado pela Direção Nacional da ALN como a possibilidade de Márcio vir a trair a causa que abraçara e hipoteticamente colocando em risco a segurança dos militantes da Organização.
Profetizando a possibilidade da traição, Carlos Eugênio Coelho Sarmento da Paz, o Clemente, acabou por convencer a Coordenação Nacional que o melhor a fazer era “justiçar” Márcio Leite de Toledo. Com o voto discordante de José Milton Barbosa, o Célio, a execução do combatente Márcio Leite de Toledo foi aprovada e um comando revolucionário, sob a chefia de Clemente, foi ao seu encontro em um ponto previamente marcado com a finalidade oficial de serem discutidas as divergências apresentadas pelo militante Carlos.
Por volta das 18:00 horas do dia 23 de Março de 1971, na rua Caçapava, altura do número 104, aparentemente as tais divergências apresentadas pelo guerrilheiro urbano terminaram, com o comando revolucionário tendo oficialmente “justiçado” e conseqüentemente calado a sua boca de forma truculenta e bestial. Não contava o seu principal idealizador e executor, que este ato extremo e altamente desnecessário, viesse a acirrar as contradições no seio da organização, e que o cadáver e as idéias de Márcio permanecessem insepultos ao longo de décadas.
Márcio, o guerrilheiro, veio resgatar a verdade sobre este acontecimento. Pedroso Junior leu, pesquisou, entrevistou e colocou no papel esta história emocionante de um jovem que deu o melhor de sua vida para a libertação do povo brasileiro e agora, em abril de 2012, será relançado, com capa de Maringoni, prefácio do jornalista Gerson de Souza, orelha escrita por Márcio França, Presidente Estadual do Partido Socialista Brasileiro  no Estado de São Paulo. Márcio, o guerrilheiro foi editado pela Publit Editora do Rio de Janeiro, com 242 páginas.
   Adquira já seu exemplar, R$ 40,00, incluindo-se despesas de envio postal, enviando email parachineloneles@hotmail.com