Lejeune Mirhan*
A Editora Escala, da qual sou
colaborador há cinco anos na revista Sociologia, tem feito uma série de edições
especiais na área de Filosofia, que envolvem o pensamento de Karl Marx. Na sua
edição nº 3, nas bancas desde julho, com 98 páginas, fui convidado pelo editor,
meu colega sociólogo Daniel Aurélio, a escrever um artigo na forma de
depoimento como militante marxista. A seguir republicamos esse depoimento,
revisto e ampliado, que resume o pensamento insuperável do maior de todos os
filósofos da humanidade.
REVISITANDO KARL MARX
Quando por 20 anos lecionei Sociologia e Ciência
Política na Universidade Metodista de Piracicaba, costumava dizer que um
filósofo é alguém que conhece toda a realidade de seu tempo e de tempos
anteriores. Um estudioso da vida, da história, mas também um sociólogo. Nesse
sentido, a humanidade esta permeada de grandes filósofos que deram suas
contribuições para o engrandecimento e desenvolvimento do pensamento e das
ideias políticas e sociais.
Com base nessa definição pessoal, nunca tive dúvidas:
Karl Heinrich Marx (1818-1883) foi o último dos grandes e mais completo dos
filósofos que a humanidade conheceu. Mas não foi só um filósofo. Seu pensamento
tem aspectos também da ciência econômica, da sociologia e da política. Um
pensador completo da sua época histórica, basicamente o século XIX.
Alguns o veem como um visionário, outros até mesmo
como um profeta. Na verdade, Marx, foi uma pessoa igual a todos nós. Tinha seus
vícios e defeitos, mas era também cheio de virtudes. O aspecto principal de sua
personalidade era de que não se dedicava apenas e tão somente aos estudos e à
teoria. Ele foi profundamente engajado nas lutas políticas, sociais e sindicais
de seu tempo. A sua militância inspira, até nos dias atuais, milhões de
militantes das lutas sociais. É dele a frase “Os filósofos nada mais fizeram do
que interpretar o mundo. Cabe agora transformá-lo”. Ela diz tudo. Lênin, no
início do século XX vai completar: “Sem teoria revolucionária, não existe
prática revolucionária”.
Meu primeiro contato com Marx
Quando do meu ingresso na Universidade em 1975,
então com apenas 18 anos, em plena ditadura militar, logo me aproximei do
Centro Acadêmico. Já era um aficionado pelas Ciências Sociais. Nunca tinha tido
nenhuma formação ou contato com o marxismo. Era, por assim dizer, um jovem
“revoltado”. Sabia que vivíamos uma ditadura militar. Em 1974, cheguei a ajudar
algumas candidaturas progressistas em São Paulo para a Câmara dos Deputados e
Assembleia Legislativa pelo antigo MDB. Fiz o cursinho Anglo Latino e fui do
Departamento do Aluno e ensaiamos uma peça de Brecht, “O casamento dos pequenos
burgueses”. Lembro-me que em 1964, com apenas oito anos de idade, presenciei em
minha cidade natal, a prisão de um tio querido, promotor público, apenas por
ele ser um socialista-cristão.
Dois livros eu recebi de amigos universitários que
me introduziram no pensamento marxista: O Manifesto do Partido Comunista e
também O esquerdismo, doença infantil do comunismo. O primeiro, publicado em
1848, por Marx e Engels. O segundo, de Wladimir Ilich Oulianov Lênin, publicado
em 1920. Falarei do Manifesto.
Antes, porém, é importante dizer, pelo meu ponto de
vista, que é praticamente impossível uma pessoa abraçar as ideias de Marx, sem
também ser adepto do pensamento de Lênin. E o exemplo mais claro começa com o
próprio livro que inaugura a corrente marxista de pensamento revolucionário.
O jovem Marx – nascido em Trier, Alemanha – adere
muito cedo à Liga dos Comunistas e participa de seu Congresso em dezembro de
1847. Seus camaradas incumbem-lhe, junto com Engels, que ele conhecera naquele
mesmo ano em Paris de escrever e publicar um manifesto pela fundação de um
partido revolucionário que teria a incumbência de liderar a luta do
proletariado contra o sistema capitalista. Marx, nesse ano, já era famoso em
toda a Europa.
Esses jovens – Marx com 29 anos e Engels com 27 –
passam a se dedicar a essa importante tarefa intelectual que lhes foi dada.
Assim, em fevereiro de 1848, sai a primeira edição do Manifesto Comunista em
Londres. Na verdade, um manifesto político de combate a um sistema injusto, que
faz um chamamento aos comunistas de todo o mundo para que fundem o seu Partido,
a quem foi chamado de “Comunista”.
Assim, quando dizemos que não é possível sermos só
marxistas, aqui é preciso dizer que Marx viveu 65 anos, mas morreu em 1883 sem
ter fundado o Partido pelo qual lançara 35 anos antes o seu famoso Manifesto.
Vai ser Lênin que irá conceber a forma de um Partido realmente revolucionário e
comunista.
A base do pensamento Marxista
Todos nós, sejamos cidadãos comuns, pensadores,
estudiosos, pesquisadores, temos nossas cabeças “feitas” por influência de
pensamentos diversos. Sejam eles religiosos, econômicos, políticos,
sociológicos e filosóficos. Os valores que abraçamos e assumimos, vem de fora
de nós. E tais influências começam em nossas casas, estendem-se para nossas
escolas, nas igrejas que frequentamos quando crianças – na maior parte das
vezes impostas pelos nossos pais. Em meados do século XX, Louis Althusser vai
chamar isso de “aparelhos de educação ideológica” que estão sempre à serviço do
Estado e das suas classes que o dominam política e economicamente.
Também neste caso, Marx sofreu forte influência em
sua juventude, de renomados pensadores de sua época, na primeira metade do século
XIX. Essa influência vai ocorrer em três áreas básicas e fundamentais, a que
chamamos de fontes constitutivas clássicas do marxismo: economia política,
filosofia clássica e socialismo utópico.
Nem todos os pensadores que influenciaram Marx com
eles conviveu ou os conheceu. Em especial os de economia. Os chamados
fisiocratas ingleses, Adam Smith (1723-1790) morreu 18 anos antes de Marx
nascer e David Ricardo (1772-1823) morre quando Marx tinha apenas cinco anos.
Também na área de socialismo utópico, Saint Simon (1760-1825) e Robert Owen
(1772-1837) Marx não teve nenhuma convivência, por ser muito jovem. Mas leu
tudo que eles escreveram. Apenas Charles Fourier (1771-1858), que morre quando
Marx tinha 40 anos, houve contatos.
Por fim, os pensadores que tiveram influência nas
ideias de Karl Marx na área filosófica. O mais famoso foi Friedrich Hegel
(1770-1831). Marx foi o que à época se chamava de “jovem hegueliano". O
segundo, também famoso, foi Ludwig Feuerbach (1804-1872). Com esse Marx
conviveu, atuaram em alguns congressos operários juntos, mas teve com ele
imensas divergências.
Marx era um grande e ativo escritor, em uma época
que máquina de escrever não era tão disponível (quase toda a sua obra
preservada está manuscrita). Chegava a escrever um livro inteiro para refutar
certos pensamentos que ele considerava equivocados. Ele praticava o que hoje
chamamos de “luta de ideias”. Tinha suas concepções próprias e as desenvolvia.
Reconhecia o mérito de outros quando era o caso e citava as fontes de tudo que ele
desenvolvia. É claro que ele aprimora e desenvolve o método do materialismo
dialético de Hegel, que era insuficiente. E combate os equívocos de Feuerbach.
Para responder a um livro desse filósofo, intitulado Filosofia da miséria Marx
publica Miséria da filosofia porque ele havia deplorado a obra.
O pensamento econômico de Marx
O Instituto Marx e Engels, tanto da Alemanha,
quanto da Rússia, são detentores do maior acervo dos escritos de Karl Marx e de
seu amigo por 39 anos, Friedrich Engels. As suas obras completas – inexistente
no Brasil – reúnem 40 volumes, que possuem uma média de 600 páginas cada um. Na
verdade, tudo que eles escreveram, em processo de organização final, ultrapassa
a 600 volumes. Ai incluem todas as suas cartas, que ele escrevia em uma média
de duas a três por dia.
Até 1859, então com apenas 41 anos Marx tinha
estudado tudo que havia sido escrito sobre o desenvolvimento do capitalismo.
Marx queria entender a origem da riqueza, da acumulação do capital, o trabalho
e a sua exploração e a mercadoria (produção e circulação). Nesse aspecto,
dezenas de filósofos – a começar de Aristóteles em Ética à Nicômano – tentaram
entender o significado de trabalho e do seu valor. Aristóteles divaga sobre
quantas sandálias um sapateiro teria que dar em troca pelos serviços de um
arquiteto. Muito se debateu na história sobre isso, passando por Tomás de
Aquino até chegarmos à Adam Smith, que esboçou pela primeira vez a teoria de
“mais-valia” (mais valor agregado).
Todos, sem exceção, não conseguiram desvendar o
mistério. Coube a Marx formular a teoria mais científica e válida até os dias
atuais sobre o conceito de valor das coisas. E ele, de forma genial, faz a
relação do valor de todas as coisas com a quantidade direta de trabalho
necessário para que se produzam essas coisas (bens ou serviços). Daí surge o
conceito de “mais-valia”.
Quando Marx publica o primeiro volume de sua
principal obra, O Capital, em 1867, ele já tinha todo o seu pensamento
econômico consolidado. Foi à época em que produziu os Grundisse uma espécie de
rascunho d’O Capital. Já tinha claro o significado de força de trabalho e,
principalmente, de mercadoria. Um bem produzido pelas pessoas só se transforma
em mercadoria quando é comercializada. Assim, uma costureira quando faz uma
saia para si própria ela produziu valor, mas um valor de uso e não um valor de
troca. Quando ela faz esse mesmo vestido e o vende, aquilo passa a ser uma
mercadoria. Ela vai receber bem mais do que gastou em termos de trabalho e
matéria prima para produzi-la.
No entanto, a acumulação de capital passa a existir
quando qualquer pessoa contrata força de trabalho. Assim, a sua produção passa
a ser em escala e a riqueza que ela acumula vai se ampliando. Daí a origem da
cumulação de capital e do enriquecimento. Que só será possível a partir da
exploração do trabalho de outras pessoas. No exemplo da mesma costureira, se
ela trabalha para si própria, mesmo que venda os seus vestidos, ela explora a
si mesma.
Marx dizia que a força de trabalho tem um valor
especial e ela é peculiar. É como se os operários e proletários tivessem um dom
especial, como aquele rei lendário chamado Midas em que tudo que tocava virava
ouro. E porque isso acontece? Pelo simples fato de que a riqueza que os
trabalhadores produzem durante a sua jornada de trabalho, sejam bens materiais
ou imateriais (difusos ou espirituais), valem muito mais do que o salário que
recebem de seus patrões. É a exploração do trabalho. É a mais-valia.
Foi Marx que previu o fim do capitalismo. Ele
estudou todos os sistemas que antecederam essa formação econômica, vigente hoje
em praticamente todo o mundo. Estudou o escravismo, as formações econômicas
antigas, asiáticas, e o feudalismo a quem se debruçou com mais intensidade.
Chegou a uma conclusão que, pode-se dizer, é uma lei geral da Sociologia e das
Ciências Sociais. Ela pode ser assim resumida: “Todas as sociedades humanas
guardam dentro de si uma contradição que as levará à sua destruição”.
No caso da teoria marxista sobre o fim do
capitalismo, Marx dizia que esse sistema viverá duas profundas contradições,
que o levará à morte. A primeira é que a produção é cada vez mais socializada
(muitos são chamados a produzir) e a apropriação da riqueza é cada vez mais
individualizada (privada). E a outra, é a queda histórica média das taxas de
lucros. Ora, um sistema que visa o lucro e estes diminuem drasticamente a cada
ano ele tende ao fim.
O Marx político e militante
De fato, podemos dizer que Marx dedicou toda a sua
vida aos estudos, às pesquisas, à produção intelectual. No entanto, foi um
militante revolucionário. Em 1867, é eleito presidente da Associação
Internacional dos Trabalhadores, uma espécie de Partido Comunista Internacional
que representaria os interesses dos trabalhadores de todo mundo. Não por menos,
ele termina o seu famoso Manifesto de 1848 com a famosa frase: “Proletários de
todos os países, uni-vos. Nada tendes a perder a não ser os grilhões que vos
aprisionam. Têm o mundo a ganhar”!
Esteve em Paris com os operários durante os 71 dias
que duraram a Comuna de Paris em 1871, uma revolução proletária – a primeira da
história feita sob inspiração de sua teoria revolucionária – e deu seu total
apoio ao movimento, ainda que tenha aqui e ali algumas diferenças na condução
do processo.
Marx travou o bom combate de ideias. Iniciou sua
vida, mesmo tendo formado em direito e feito seu doutorado em filosofia, acabou
não atuando na vida acadêmica. Começou como jornalista do jornal da região do
Reno, chamado Gazeta Renana. Ai produziu seus primeiros artigos, sempre
polêmicos, mas todos eles famosos até hoje.
É de Marx o excepcional conceito de luta de
classes. Ele fundamenta que o que movimenta o mundo e a história nada mais é do
que a luta de classes. Patrícios e plebeus, senhores proprietários de escravos
e seus escravos, servos e senhores feudais e na atualidade burgueses e
capitalistas e proletários. Essa luta entre dois opostos é que move a história.
Marx foi o precursor do conceito de classes
sociais. Em seu volume III do Capital ele estuda essa questão (em vida ele só
publicou o primeiro volume, tendo ficado para Engels a edição dos volumes II e
III e para Karl Kautsky, já no início do século XX a publicação do volume IV,
chamado “Teorias da Mais-Valia”). No entanto, quando morre em 1883, ele não nos
deixou um conceito mais detalhado e aprofundado de classes sociais. Ele deixou
apenas pistas. Faz uma relação direta entre classe e fontes de renda. Será
apenas Lênin quem vai aprimorar esse conceito no começo do século XX.
Marx em vida pouco falou sobre o socialismo e
comunismo. Ele estava mesmo preocupado em estudar o passado e o mundo da época
que viveu que era o do desenvolvimento e consolidação do sistema capitalista do
tipo concorrencial (hoje esse sistema é monopolista e pior do que isso, é
financeiro, a que Marx inclusive já apontava isso em sua obra).
Para escrever o volume IV de sua obra prima, ele
leu centenas livros. Era o usuário mais assíduo e disciplinado da Biblioteca de
Londres, onde tinha cadeira cativa e reservada. Gostava de elaborar seu
pensamento andando de um lado para outro na sala de sua casa em Londres.
Existem marcas no chão desse vai-e-vem. Era um gênio produzindo intensamente.
O Marx Filósofo
Por fim, temos o Marx filósofo. Se ele reconhece
com uma humildade que poucos intelectuais possuem, que não lhe coube a invenção
de diversos conceitos que ele se utiliza em sua obra – como, por exemplo,
“mais-valia” e “dialética” – também sem falsa modéstia ele afirma que coube a
ele o aperfeiçoamento desses mesmos conceitos.
Isso vale para o materialismo dialético, que ele
aperfeiçoou partindo do limitado sistema hegueliano. Ele vai muito além.
Desenvolve o conceito do materialismo histórico, ou seja, de que todo o
desenvolvimento humano guarda uma relação direta com o desenvolvimento das
forças produtivas e da evolução da sociedade. Essas técnicas produtivas se
desenvolvem sempre que novas descobertas e novos avanços científicos forem
ocorrendo.
Assim, não é correto quando se diz que o
“socialismo substituirá o capitalismo”. Isso é um reducionismo e uma
vulgarização do marxismo, coisa que ele nunca disse. O que ele afirmou era que
o capitalismo deve chegar ao seu limite de funcionamento e o seu
desenvolvimento fará com que surja um novo sistema produtivo baseado na
produção coletiva e na socialização de toda a riqueza produzida. A propriedade
dos meios de produção, que era privada, passaria a ser coletiva. Mas, não é uma
inevitabilidade histórica, nem um determinismo.
Por isso ele nomina qual a classe social que esta
chamada a liderar esse processo revolucionário transformador – que nunca ocorre
de forma espontânea – que é o proletariado (aqueles trabalhadores que produzem
mais-valia).
Nós todos fomos educados dentro de um sistema
filosófico, dentro de uma sociedade que não prima pela análise dialética. Muito
pelo contrário. Nosso pensamento é metafísico, idealista. Uns dizem
aristotélico e tomista. Isso é fruto de influência do pensamento religioso,
deísta, onde o que surge sempre antes de todas as coisas é o espírito e nunca a
matéria. O pensamento marxista parte do princípio de que a matéria é primordial
– vem antes de tudo –, o mundo é material e as ideias – o espírito! – dele
decorrem. Nunca poderíamos ter uma “ideia” de alguma coisa sem que ela
existisse antes.
Costumamos separar essência e aparência, forma e
conteúdo. Não conseguimos ver que tudo se relaciona e mais do que isso, tudo se
transforma! Durante séculos, milênios, a terra foi o centro do universo. Era o
sistema chamado ptolomaico. E o nosso planeta estava parado segundo todas as
igrejas. Galileu, com suas novas teorias no século XVII, rompeu com o sistema
geocêntrico, abraçando a teoria de Copérnico. Ele afirmava que a terra se movia
e o sol era o seu centro. Quase foi levado à fogueira no século XVII. Para se
salvar teve que ir à público dizer que era tudo mentira o que ele havia
escrito.
Uma experiência vibrante e inovadora
Houve uma época histórica – recente inclusive – em
que o livro Manifesto Comunista rodava mais edições em todo o mundo do que a
própria Bíblia. Hoje vivemos tempos distintos. No entanto, o pensamento de Karl
Marx continua vivo e vibrante. E mais atual do que nunca. Não há uma teoria que
substitua o seu pensamento em termos de análise do sistema capitalista, como
ele interpreta a produção e circulação de mercadorias e a acumulação de riqueza
e capital.
O próprio desenvolvimento do modo de produção
capitalista, com a introdução de robôs na linha de produção do setor
industrial, Marx conseguiu prever (ele fala em investimentos em mais
maquinaria). A financeirização do capital também é mencionada por ele quando
diz que parte do capital se transforma em financeiro por ele ser portador de
juros. Sabemos que Lênin vai desenvolver melhor esse conceito com sua magnífica
obra Imperialismo, etapa superior do capitalismo, de 1916.
Pessoalmente, minha relação e experiência com Marx
é gratificante. Se por um lado é verdade que tenho estudado seu pensamento há
quase 40 anos, por outro é também verdade que tenho que confessar que ainda
tenho muito a aprender. Não basta que leiamos os nove livros d’O Capital ou
algumas outras de suas principais obras. Não houve em minha trajetória de
militante comunista qualquer outro autor que tenha me influenciado tanto quanto
Karl Marx.
A teoria marxista é dinâmica. Ela também evolui.
Temos que, dia-a-dia, ver como aplicamos a sua teoria. Se na época em que Marx
viveu era praticamente inexpressivo o percentual de trabalhadores do setor de
serviços e mesmo de funcionários públicos, hoje temos uma nova realidade. Mas,
saber e identificar cada setor proletário – que hoje muitos chamam erroneamente
de “classe trabalhadora” – é tarefa cotidiana de todos aquele que acreditam na
teoria revolucionária marxista. E o fazem não por fé cega, mas por comprovação
científica de algo que vem sendo cada vez mais comprovado.
Estão ai as crises sistêmicas e estruturais do
capitalismo para comprovar o que o “velho barbudo”, apelidado de mouro do
século XIX nos disse e previu.
* Lejeune Mirhan é sociólogo, Professor, Escritor e
Arabista. Colunista de Oriente Médio do Portal da Fundação Maurício Grabois
(http://fmauriciograbois.org.br/portal/). Colaborador da Revista Sociologia da
Editora Escala. Foi professor da Unimep entre 1986 e 2006, tendo sido sociólogo
da FUNDUNESP entre 1996 e 2006. E-mail: lejeunemgxc@uol.com.br
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