quarta-feira, maio 30, 2012

Discutindo o futuro do Cerrado

Rui Faquini


Siron Franco




O Cerrado na Rio+20

JAIME SAUTCHUK*

O encontro global sobre clima chamado de Rio+20, no mês que vem,
terá certamente muitos discursos empolgados de chefes de estado e
de governo do mundo inteiro, mas pouco resultado prático. O evento
será, entretanto, palco de uma série de outros acontecimentos que
chamarão a atenção de quem nele estiver antenado, ao redor do
Planeta.

Uma dessas atrações, que desde agora já vem chamando atenção,
é uma exposição (ou instalação) que o artista plástico goiano Siron
Franco fará, baseado principalmente em fotos do também goiano
Rui Faquini. A mostra, ou libelo, ocupará generoso espaço do Centro
Cultural Banco do Brasil, que faz parte da estrutura da Rio+20, para
denunciar a destruição do Cerrado brasileiro.

As peças tratarão dos mais variados aspectos do Cerrado. Vegetação,
insetos, solo, fauna, flores, frutos, arquitetura, água e tudo o que de
mais belo se pode encontrar nesse bioma. Isto, somado ao que há de
mais doloroso, como o fogo predatório, a motosserra, as máquinas e
seus correntões, que derrubam tudo o que houver pela frente.

Em corredores diferentes, a genialidade de Siron criará ambientes
também diversificados. Uns de calma, paz e beleza, outros de
angústia, desgosto e desespero. É, enfim, a brutal diferença entre
a riqueza natural do Cerrado e a pobre riqueza do dinheiro, fruto da
destruição para servir a um modelo de ocupação comprovadamente
nefasto, para o usufruto de poucos.

E conta com a genialidade, persistência e competência de Faquini, um
fotógrafo que há mais de 40 anos palmilha os cantinhos mais remotos
do Cerrado, especialmente no Planalto Central do País, para deles
fazer um retrato ampliado, completo. De minúsculas plantas e insetos
a majestosas paisagens. Dos verde das chuvas ao amarelo dos meses
sem água. Dos rios transbordantes às praias de finas areias dos
tempos da seca.

Sua vasta produção está, em parte, publicada em incontáveis
obras de sua autoria ou ilustrando trabalhos de terceiros, ornando
ambientes dos mais diversos ou, ainda, servindo para peças de
campanhas em defesa do Cerrado. Outra grande parte segue inédita,

em seus arquivos, dos mais bem organizados da fotografia brasileira.

Siron Franco nasceu em Cidade de Goiás, antiga Vila Boa, que foi
capital do estado até a construção de Goiânia, na década de 1.940. É
uma cidade histórica, criada pelo bandeirante Bartolomeu Bueno da
Silva Filho, o Anhanguera II, em 1.726. E hoje mora em Goiânia. Ele
costuma dizer que adora capitais, “mas desde que sejam de Goiás”.
Faquini, por sua vez, nasceu em Morrinhos, cidade do Sul do Estado,
e hoje mora no Distrito Federal, numa área fora de Brasília, “em chão
goiano”.

Além da paixão pelo Cerrado, entre Siron e Faquini há um monte
de outras afinidades. Uma delas é a mania de sempre encontrar um
jeito novo de mostrar algo que aparentemente já foi dissecado por
completo. Com uma vantagem: a constante procura de um modo
mais belo de dizer coisas que muitas vezes são tristes e feias.

Para a exposição da Rio+20, para demonstrar a dedicação, dia
desses, já tarde da noite, Siron telefonou dizendo que sentia falta
de alguma coisa e pedia a Faquini algo tão simples como “umas
trinta cabeças de abelhas”. E o pior é que foram enviadas trinta fotos
de cabeças diferentes de diferentes tipos de abelhas. É a busca da
perfeição, em ambos.

Com coisas de tipo, mesmo que a Rio+20 não traga nada de novo
para tentar salvar o Planeta, vale a pena conferir essa bela iniciativa
de salvar o Cerrado.

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