sexta-feira, abril 23, 2010

Relatos sobre a Venezuela-Importante acompanhar!!!!

RELATO DO JORNALISTA JOSÉ CARLOS SUCUPIRA SOBRE SUA CONTRIBUIÇÃO À REVOLUÇÃO BOLIVARIANA!



Faz só pouco mais de 5 semanas que estou na Venezuela. Mas tenho a sensação de estar aqui há meses. Vim para cá para trabalhar junto aos camaradas da CMI (Corrente Marxista Internacional - www.marxist.com) na preparação de uma conferência de lançamento de um novo jornal chamado "Lucha de Clases" (www.luchadeclases.org.ve).

Já vinha acompanhando de perto a revolução venezuelana através da CMI, com camaradas venezuelanos que já foram ao Brasil e camaradas brasileiros que vieram à Venezuela, principalmente do Movimento das Fábricas Ocupadas, além de participar e ajudar a organizar no Brasil a campanha de solidariedade com a revolução "Tirem as Mãos da Venezuela". Mas estar aqui fisicamente, poder conversar com o povo, apertar a mão, passar calor, pegar o ônibus, o metrô, comer arepa, cachapa, assistir à TV, escutar Ali Primera, ver os murais e grafites, ser atendido por um médico cubano na Missão Barrio Adentro, participar das marchas, de reuniões, encontros, atividades do PSUV, de assembléias dos movimentos populares, de trabalhadores das fábricas ocupadas, tudo isso torna possível uma compreensão muito mais ampla e um pouco mais profunda do que passa nesse país vizinho.

Poderia relatar aqui muitas experiências, mas o tempo é curto para isso agora. Para ficar em alguns exemplos começo por contar sobre o dia em que peguei uma caminhoneta (lotação, micro-ônibus) no Barrio (favela) Simon Rodriguez e aí estavam duas senhoras conversando. Uma explicava para a outra que no dia anterior comemorou-se o 80º aniversário da orquestra municipal de Caracas e que todos os anos a orquestra se apresentava no Teatro Teresa Carreño (o maior teatro da cidade) e a maior parte do povo não tinha oportunidade de assistir. Mas que no dia anterior havia encerrado um mês de apresentações da orquestra em praças públicas e ela tinha assistido justo no dia anterior numa praça. Ela disse que nos últimos 80 anos nunca a orquestra municipal havia tocado para o povo (e acho que ela tinha idade suficiente para saber isso) e que era a primeira vez que ela escutava ao vivo uma orquestra. E então disse à outra senhora, quase chorando, que tinha sido a coisa mais maravilhosa que ela tinha escutado em toda a sua vida. Uma senhora muito simples, moradora de uma favela de Caracas agora podia apreciar música de orquestra, gratuitamente. E mais do que isso: depois me inteirei de que os músicos que compõem a orquestra também são em sua maior parte moradores das favelas de Caracas (resultado de um programa do Governo).
Não é isso que prova que há uma revolução na Venezuela. Qualquer governo, inclusive de direita, poderia implementar um programa para levar música à população mais pobre. A diferença é que na Venezuela o povo tem consciência de que mudanças como essa são resultado de sua própria luta por mudar toda a sociedade.
Uma revolução em qualquer país pode começar, de maneira geral, quando a classe dominante está em crise, dividida, não é mais capaz de governar como governava antes e as classes exploradas já não aceitam mais ser exploradas como antes, se dispondo a lutar nas ruas, fábricas, escolas, comunidades, para buscar mudar a sua vida de exploração, fome, miséria, desemprego, violência, humilhação.

Aqui na Venezuela este é um processo que teve início nos anos 80, que se agudizou com o Caracazo em 1989 e que encontrou na eleição de Chávez um meio de se expressar.

Caracazo é o nome dado ao evento em que o então presidente da Venezuela, Carlos Andrés Perez, mandou o exército reprimir manifestações populares de massa em Caracas. Até hoje o número de mortos é desconhecido, mas passa de 3 mil. Chávez, que era Tenente-Coronel do batalhão de pára-quedistas do exército na época, se indignou com a atitude das forças armadas, pois acreditava que o exército servia para proteger o povo venezuelano e não para atirar contra ele. Chávez reúne um grupo de amigos militares e tenta derrubar o Governo de Perez em 1992. Não consegue e vai preso por 2 anos. Mas se torna um herói popular, pois derrubar o Governo assassino de Perez era a vontade da maioria do povo venezuelano. Por isso a maioria elege Chávez presidente em 1998.

Em 1999 Chávez consegue a aprovação de uma reforma constitucional que, embora tímida, era inaceitável para a oligarquia e representava alguns avanços para o povo. Chávez passa então a utilizar a receita que a Venezuela obtém com o petróleo em projetos sociais, principalmente de educação e saúde.

Em 2002, no dia 11 de Abril, os militares leais à oligarquia petroleira e ao imperialismo EUA, junto com os grandes canais de TV privados, dão um golpe militar, seqüestram Chávez e o levam para um ilha, cortam o sinal da emissora estatal de TV, reprimem os jornalistas internacionais e empossam um novo Presidente (Pedro Carmona) em nome da "Democracia". Tudo isso apoiado pela "Sociedade Civil" com a igreja católica, os empresários, ONGs e sindicatos pelegos.

Na TV explicavam que Chávez havia renunciado e fugido. Mas mentira tem perna curta e aos poucos chegava aos ouvidos dos trabalhadores das comunidades mais pobres de Caracas que Chávez estava seqüestrado. Então algo inesperado aconteceu. Em menos de 48 horas, no dia 13 de Abril, milhões de venezuelanos saíram às ruas, milhares cercaram o Palácio de Miraflores em Caracas e derrubaram a ditadura recém-nascida de Carmona. Os soldados do exército - que são parte do povo, são trabalhadores e filhos de trabalhadores - confraternizaram com o povo, desobedeceram as ordens dos generais golpistas e resgataram o presidente Chávez.

Dia 11 foi uma Sexta e dia 13 um Domingo. O povo venezuelano é bastante religioso e não faltaram comparações com a morte e ressurreição de Cristo. Chávez saiu ainda mais fortalecido desse episódio, entretanto, junto com Chávez, o povo saiu fortalecido. Homens e mulheres do povo perceberam que mesmo aquele que eles consideram seu herói só pôde sobreviver e voltar a cumprir o seu papel porque o povo foi capaz de derrotar a tirania. O povo é herói e se reconhece como tal. Cada mulher e homem trabalhador na Venezuela aprendeu desde então a não baixar mais a cabeça, a se respeitar como sujeito que atua na sociedade e que pode mudar a sua história.

Mas a direita não estava completamente derrotada e gozava de forte apoio da classe média e do imperialismo EUA. Em Dezembro de 2002 começa uma nova estratégia para desestabilizar e derrubar o governo Chávez: o Paro Petroleiro. Buscava parar a produção de petróleo no país, desestabilizando a economia e colapsando o governo. A oposição teve êxito por 4 meses, mas foram os próprios trabalhadores da PDVSA (companhia estatal de petróleo) que desobedeceram as ordens de seus superiores, tomaram as instalações por todo o país, ignoraram o sistema informatizado e colocaram a PDVSA pra funcionar manualmente, abrindo as válvulas no braço. Mais uma vez o povo foi o herói.

Em 2004 ocorre um "referendo revogatório" (como um plebiscito para saber se o povo aprova a continuidade do presidente ou se revoga seu mandato antes que acabe). O povo venceu nas urnas mais uma vez, mesmo com os "escuálidos" (como são chamados os oposicionistas aqui) utilizando todos os canais de TV privados 24h por dia dizendo que Chávez devia ser derrubado.

Cada vez mais Chávez percebe que não há como governar em acordo com setores dos empresários. Esses querem a sua cabeça e é apoiando-se no povo que poderá continuar governando. Chávez começou sua jornada "para libertar o povo", como ele mesmo diz, inspirado pelas idéias e história de Simon Bolívar (o líder da independência de 1810). E começou com a tentativa de golpe de 1992. Fracassou e então tentou através das eleições regulares burguesas. Venceu mas aprendeu que vencer eleições não muda muita coisa, é preciso mais. A partir de 2004 começa a falar de Socialismo.

Desde então todos na Venezuela falam de socialismo e de revolução. Há padarias socialistas, lava-rápidos socialistas, empresas socialistas e até banqueiros socialistas. Inclusive partidos de direita se dizem revolucionários. Enfim, muitos se apropriam do discurso do socialismo, buscando atribuir-lhe muitos significados estranhos, mas ainda não há nada de socialismo na Venezuela. A revolução só começou, mas ainda não terminou... Apesar de algumas nacionalizações, a economia segue nas mãos do capital privado. O controle da produção industrial segue nas mãos dos oligarcas escuálidos e de alguns outros empresários e banqueiros que se dizem "chavistas".

O que parece é que Chávez quer avançar para o socialismo, mas não sabe como fazer. A burocracia do Estado burguês sabota a revolução desde dentro, impedindo medidas do governo de serem aplicadas, desviando verbas, etc.

O Governo criou as chamadas "Missões". Há missões de alfabetização, de ensino médio, de ensino técnico, de ensino superior, de saúde, de moradia, de cultura, de esporte. Não tenho tempo para falar de todas, mas para ter uma idéia geral, com a Missão “Barrio Adentro” (saúde) todas as pessoas no país têm acesso a atendimento médico e medicamentos gratuitamente, sem filas. Eu mesmo precisei usar o serviço duas vezes, uma vez em Mérida (uma pequena cidade nos Andes, na parte oeste do país) e outra vez numa favela de Caracas. Recebi todos os medicamentos gratuitamente, tirei radiografia gratuitamente e fui atendido diretamente por um médico (não por um enfermeiro ou um funcionário fazendo triagem) e um médico cubano! Não havia fila! Por que foram criados postos de saúde suficientes para atender a toda a população. Ninguém mais morre na Venezuela em fila de hospital ou de doenças tratáveis, como ocorre na maior parte dos países dominados.

Agora falando das Missões Ribas (alfabetização), Robinson (ensino médio), Che Guevara (ensino técnico) e Sucre (ensino superior), na Venezuela todos sabem ler e escrever! Conheci muitas donas de casa, operários, aposentados que estão cursando agora o ensino médio através das missões e que antes da revolução não sabiam ler nem escrever. Na Venezuela todos que concluem o ensino médio podem cursar o ensino superior gratuitamente. Não precisam fazer vestibular! Podem fazer, se querem, para entrar na Universidade Bolivariana (UBV), mas se preferirem ou se não houver vagas aí, há vagas para todos na Missão Sucre – onde inclusive os conteúdos, grade curricular, etc. são discutidos democraticamente por conselhos com a participação de estudantes e professores!

Num país atrasado economicamente como é a Venezuela esse tipo de avanço, de desenvolvimento só pode ocorrer com uma revolução em curso. A burguesia nacional, completamente submetida ao imperialismo, jamais poderá cumprir essa tarefa. Mas a burguesia segue sendo a classe dominante na Venezuela. Isso tudo só é possível por que a revolução permite uma situação contraditória onde o povo trabalhador começa a exercer seu poder de maneira ainda limitada enquanto não conclui definitivamente a revolução.

Para concluir a revolução é necessário que os grandes meios de produção, a indústria, a terra, o sistema financeiro, deixem de ser controlados pela minoria oligarca parasita da sociedade e passem a ser controlados pelo povo organizado. As condições para isso estão dadas na Venezuela, só falta uma direção clara para executar isso.

Chávez foi reeleito em 2006 com um número ainda maior de votos e os deputados chavistas ocuparam 100% das vagas na Assembléia Nacional, pois a direita boicotou as eleições. Desde então o Governo poderia aprofundar a revolução verticalmente de maneira relativamente pacífica e fácil. Mas Chávez peca por “excesso de democracia”. Não coloca os líderes da oposição golpista na cadeia (que até hoje continuam defendendo publicamente o golpe de estado). Continua permitindo que as emissoras de TV privadas transmitam as mais absurdas distorções e manipulações de informação. E quando propôs uma reforma constitucional (que não seria a vitória da revolução, mas permitiria avançar em muitos aspectos), que poderia ter sido aprovada pela Assembléia Nacional sem opositores, ele propõe um plebiscito. Isso permite a oposição a entrar em campanha contra a reforma. A oposição não ganha mais votos do que já tinha nas outras eleições, mas as bases chavistas não dão a mesma importância e quase metade não vai às urnas. As massas estão cansadas de votar, votar, votar e não ver mudanças mais profundas. Para a maioria dos venezuelanos, esse plebiscito de 2007 não iria mudar nada, era mais uma votação, e então não deram importância. Resultado é que por uma diferença de 0,2% ganhou o NÃO.

Esse é o maior risco que corre hoje a revolução venezuelana: o cansaço e desânimo das massas frente à paralisia do processo. A burguesia e o imperialismo não têm as condições hoje de atacar a revolução com um golpe, mas apostam no desgaste. Param de investir no país, diminuem a produção de alimentos, sabotam os programas do Governo se utilizando de agentes burocratas dentro do aparato de Estado, infiltram milícias paramilitares colombianas para impulsionar a criminalidade nas comunidades mais pobres, etc.

No dia 13 de Abril, em comemoração aos 8 anos do Contra-Golpe, uma grande marcha foi realizada na Avenida Bolívar em Caracas. Todos os anos ocorrem grandes marchas nesta data lembrando aqueles que foram assassinados, o golpe da direita em 11 de Abril e a insurreição do povo que em confraternização com os soldados retomou o poder em 13 de Abril.

Mas nos anos anteriores essa marcha tinha como característica um mar de homens e mulheres vestidos de vermelho. Desta vez havia muita gente de vermelho também, mas a maioria estava de verde! Com uniformes militares e carregando armas russas AK 47. Entretanto as dezenas de milhares de homens e mulheres não eram militares do exército regular e sim trabalhadores fabris, trabalhadores rurais, estudantes, donas de casa, professores, servidores públicos, etc. Era o povo em armas!

Na avenida estavam perfiladas as “milícias populares” conformadas por qualquer um que queira participar com treinamento aos fins de semana nos seus próprios Barrios. Em seu discurso Chávez avisou que a burguesia não poderia mais tentar um golpe como o de 11 de Abril de 2002, porque agora o povo está armado. E ele tem razão!

A marcha durou o dia inteiro, até a noite. Nos falantes músicas revolucionárias entrecortadas por intervenções em contra o imperialismo, o capitalismo e em favor do socialismo. Chávez só chegaria para fazer seu discurso por volta das 17h.

Conversei com muitos dos milicianos que estavam aí. Uma dona de casa chamada Carmen, que aguardava o discurso do presidente apoiada em seu fuzil, me disse que uma das coisas que ela pensou que jamais aprenderia na vida seria como desmontar, limpar e montar uma arma. E agora ela inclusive sabe atirar. E que não hesitará em fazê-lo se os escuálidos tentarem de novo atentar contra a vontade soberana do povo.

Isso representa uma profunda consciência do povo venezuelano de que as classes dominantes sempre usam discursos pacifistas e anti-violência para promover o desarmamento do povo justamente para poder explorar o povo sem que este possa resistir. Enquanto isso as classes dominantes se armam até os dentes através do aparato de Estado, com arsenais de guerra e armamento policial. E sempre que lhes convém não hesitam em usar toda a violência contra o povo, além de esquecerem-se de todo o discurso pacifista quando decidem fazer as guerras, que nada mais são do que negócios para eles.

A única forma de conquistar a paz e acabar com a violência é tirando do controle de cada país e do mundo todo a classe capitalista, que mata bilhões de seres humanos com suas guerras, crises econômicas, desemprego, fome, miséria, drogas, repressão policial e todo tipo de atividade criminosa em nome do lucro. Para isso os trabalhadores devem se armar.

Já ontem, 19 de Abril de 2010, o “Bicentenário” (aniversário de 200 anos da independência) foi comemorado com muita festa por todo o país. Pela manhã houve um grande desfile que começou com grupos de dança popular de todo o país, depois seguiu como um desfile militar com representações de vários países e terminou com um desfile completo das forças armadas venezuelanas (exército, marinha, aeronáutica), batalhões regulares, carros blindados, tanques, aviões, helicópteros.

Em seu discurso Chávez explicou que a liberação dos povos da América Latina ainda não foi alcançada nesses 200 anos e que só poderá ser alcançada com o socialismo.

Esses desfiles militares são tradicionais no dia da independência, mas este ano ocorreu algo que não havia ocorrido nunca antes: Numa tarde ensolarada, centenas de milhares de pessoas vestidas de vermelho que assistiam ao desfile militar, quando este acabou, foram se confraternizar com os militares. Crianças, mulheres e homens com camisas e bonés do PSUV subiam em centenas de tanques de guerra e carros de combate tirando fotos, conversando com os militares e entoando palavras de ordem socialistas.

Essa confraternização entre o povo e o exército representa uma mudança de qualidade importante. Em geral os povos da América Latina não confiam muito nas forças armadas de seus próprios países, principalmente por conta das ditaduras militares que cobriram o continente no século 20. Para o povo venezuelano, além da ditadura militar de 1948 a 1958, está muito fresco na memória o Caracazo de 1989. Essa confraternização de ontem demonstra que o povo entende que controla as forças armadas, que essas são leais ao povo, são parte do povo.

As condições objetivas para o triunfo da revolução estão dadas. O que falta são as condições subjetivas: uma direção e um programa claros. Falta aprofundar a organização da classe que avançou com a constituição do PSUV, mas que ainda não atingiu a maturidade necessária. Se Chávez ordena a toma das fábricas e terras pelo povo em armas junto ao exército, o que poderia fazer a burguesia? Fugiria! O povo poderia realizar a verdadeira democracia que é o controle de toda a produção e planificação da economia através dos conselhos de fábrica, conselhos comunais, comunas e avançar para a formação dos conselhos de deputados operários, camponeses e soldados.

Em seu discurso de 13 de Abril Chávez disse que continuam as conspirações do imperialismo para matá-lo. E alertou que se acaso tentarem um novo 11 de Abril o povo sabe o que fazer: deve radicalizar a revolução, tomar o poder, tomar todas as fábricas, todas as terras, varrer a burguesia do país e implantar o socialismo. A questão que fica é: Por que o povo deve esperar um novo golpe para fazer isso? Por que esperar que Chávez seja morto para fazer isso? Por que não fazer agora mesmo?

A luta de classes continua e mais cedo ou mais tarde uma das classes terá que perder essa batalha. Quanto mais durar essa situação absolutamente contraditória maior é o risco da revolução ser derrotada pelo desânimo, cansaço e apatia.

Explicar isso tudo e aprofundar a organização da classe através do PSUV, dos sindicatos, dos conselhos, das milícias é a tarefa urgente na Venezuela. Para isso o jornal “Lucha de Clases” vai jogar um papel fundamental.

Por fim, quero dizer a todos que estão recebendo este email que a melhor maneira de ajudar o povo venezuelano a cumprir sua tarefa histórica de emancipação e libertação é ajudarmos o povo brasileiro a avançar no mesmo sentido. No Brasil a situação está mais difícil para o movimento revolucionário em comparação com a Venezuela, mas se não perdemos a confiança na capacidade de luta da classe trabalhadora e da juventude, sabemos que nada poderá conter a roda da história, nem no Brasil e nem em nenhum país do mundo. As velhas formas de dominação já caducas buscam resistir à história lançando mão de todo o poder econômico, militar, midiático, tecnológico, mas o novo sempre vem. Como disse Che Guevara “Eles podem matar uma, duas, três flores, mas jamais poderão deter a primavera”.

Abraços e saudações a todos!
Até a volta.

Caio Dezorzi
Caracas, 20 de Abril de 2010.

terça-feira, abril 13, 2010

TRANSFORMAÇÃO!!!

O que leva uma pessoa, na juventude ou na maturidade, depois de ler e conhecer a base teórica do socialismo cientifico, ler Engels, Marx, Lênin e outros teóricos, acreditar na transformação da sociedade, no fim da exploração do homem pelo homem, na luta pelo bem estar da humanidade, de repente se transformar num defensor desta sociedade capitalista apodrecida em que vivemos?

Será o desanimo com a luta longa e no desenvolvimento da historia? Será por ter assistido a derrocada do chamado “socialismo real”, na União Soviética e no Leste Europeu, ocorrida pelo erro de gestão ou degenerencia dos lideres daqueles processos?
Ou será que não assimilou o que aprendeu, ou foi tentado pelas benesses que o capital oferece a seus acólitos e defensores?

Estas questões estão candentes hoje quando vemos tanta gente virar a casaca! Quem acredita no socialismo e na transformação da sociedade e no andar da carruagem da história da humanidade não se transforma desta forma. Deve haver algo mais que isto!
Ou tudo foi entusiasmo juvenil e uma grande mentira pessoal?

Mas para quem vira a casaca não tem volta, porque se envolve, vende sua alma ao capital e suas benesses. A luta de classes e de idéias e o compromisso com a mudança da sociedade e crença no ser humano não para nunca. È a roda da história rolando sem parar.

segunda-feira, abril 12, 2010

Papo quente entre amigos!!

João Teixeira, o João da Bahiana, conheço há mais de trinta anos. Trabalhamos juntos na vibrante imprensa paulista nos anos 60 e 70. Depois minha militancia, as cadeias e a vida nos separaram. Agora o reencontro escritor e jornalista, ainda morando em São Paulo e com seu inefável vivere de sempre. Boas lembranças. Abaixo traduzo conversa que tivemos via e-mail dias atras. Serve para a posteridade e mostrar que os bons não se separam pela distancia e pelo tempo.



> Em 10 de abril de 2010 11:09, João Teixeira escreveu:
>> Ehhhh, Luiz Aparecido, o homem do DSV no velho "Diário da Noite", da Rua 7
>> de Abril.
>>
>> Quem vos fala é o "João da Baiana", João Teixeira, o Corisco, da garoa.
>> Jesus me passou teu endereço. Preciso encaminhar trechos dos meus livros
>> sobre os anos de chumbo, tem muitas revelações interessantes.
>>
>> Mande um e-mail.
>>
>> Abraço,
>>
>> João
>
EU respondo ao João

Meu caro João!!!
>
> Que prazer imenso, cara! Cá estou eu em Fundão dos indios, no Espirito
> Santo, depois de mais de 15 anos em Brasilia. Fiquei doente há tres
> anos com "meliopatia cervical",operei no Hospital SARAH, fiquei quase
> totalmente paralitico( veja nos historicos dos meus blogs, como foram
> estes anos,entre outras coisas), depois vim para cá onde moram
> parentes de minha mulher, estou ainda fazendo fisioterapia, mas já sai
> da cadeira de rodas e só uso andador para distancias medias.Mas estou me aposentando no INSS e preparo para
> junho ou julho minha volta a Brasilia e ao batente, pelo menos o
> politico. Alias, mesmo com sequelas, estou escrevendo algumas coisas(
> com dois dedos apenas, por enquanto) e fazendo o que posso. Estou aqui
> com dois filhos menores, uma menina de 4 anos, um garoto de 11 anos e
> ainda tenho outro em Brasilia com 13 anos, o Yuri.
> Vou tocando a vida e picotando os amigos e a vida nos meus blogs e
> diariamente no Facebook e no Orkut.
> E voce como vai, o que andas fazendo? Sempre me lembro de voce e da
> turma toda nossa em Sampa. Quem esteve aqui dias destes me visitando e
> esta em Minas, é o Clóves Geraldo, lembra? Tá fazendo cinema como
> critico e roteirista e trabalahndo como assessor em sindicatos que
> nosso partido dirige.
> Continuo no PCdoB e já na campanha da Dilma e de nossos candidatos em
> Brasilia e São Paulo. Ai em Sampa temos o Aldo Rebelo para deputado
> federal de novo, o Netinho de Paula para senador e Jamil Murad para
> deputado estadual, entre outros.
> Meu telefone de casa aqui é 27-3267.1577
> Me ligue quando puder e vamos marcar um encontro logo que eu puder ir
> a Sampa ou voce vir ao Espirito Santo curtir uma praia ou em Brasilia.
> Agora que nos reencontramos, vamos manter sempre contato. Falou?
> Abração.
> E a mulher, é a mesma? como Esta? E os filhos como andam?
> Felicidades e sucesso para voce.Me mande as coisas que tem escrito que
> quero dar uma olhada.
> Tem um pessoal lá de Brasilia fazendo um livro romanceado sobre minha
> miltancia politica, desde a dissidencia comunista de São Paulo, a ALN
> , APML e finalmente o PCdo B e ainda um documentario que está em parte
> filmado e faltando finalização com imagens da época e sonorização.
> Estas são algumas coisas. Temos muito que nos falar e recordar ainda.
> Saudoso e fraterno abraço
> Luiz Aparecido
>



EU!
João da Baiana!
Com todo respeito,precisava ser no PPS? Tenho alguns amigos lá
amargurados com a virada que o Roberto Freire deu no partido. Conhece
o Fernando Herkenhoff aqui do Espirito Santo e da direção nacional do
PPS? È um dos meus amigos interlocutores da luta de idéias que
travamos na esquerda. Eu ainda acredito no Marxismo Leninismo e na
Revolução e no carater da luta de classes no Brasil. Por isto estou até
hoje no PCdoB. O governo Lula é apenas uma passagem de um periodo
histórico para outro, não somos como os petistas que acham que
chegaram ao governo e pronto, ta tudo feito. Achamos que não. O
governo é uma coisa e o poder é outra. O poder aqui continua nas maõs
dos mesmos de sempre. È só ver a imprensa, os bancos, as grandes
industrias, etc.
Minha doença ainda é um mistério. As vertebras, no caso as minhas
quatro primeiras, logo depois do cerebro, na nuca, foram se fechando e
pressionando e lesionando a medula, o que foi causando uma paralizia
quase geral. No meu caso estava num estagio que tinha paralizado já os
intestinos e a bexiga e avançava celeremente para estomago, pulmões,
depois coração e morte.Surgiu do nada, devagarinho e foi avançando. A
cirurgia no SARAH em Brasilia, foi para desencostar as vertebras,
colocar pinos de tungstenio entre elas e liberar a medula para ela ir
se recuperando da lesão que foi grave.
A recuperação é demorada e deve ficar algumas sequelas. Hoje consigo
andar com auxilio de andador ou escorado em paredes ou alguem, mas os
movimenos da cintura e as mãos e pernas ainda tem alguma atrofia. Mas
estou melhorando aos poucos. È que sou muito agoniadoequeria que o
processo de recuperação fosse mais rapido.
Quanto a escrever a memoria dos anos de chumbo, tenho contribuido com
um pessoal do centro de memoria revolucionaria, de Brasilia, que
atraves do Pablo Emmanuel esta escrevendo um livro romanceado sobre
minha vida politica, minha militancia e outras historias. Há tambem um
projeto de um documentario que já foi em parte filmado e falta agora
iconografia, sonorização e finalização. Mas no livro e no filme eu
não pretendo apenas contar minhas lutas,as prisões torturas e outras
consequencias. Procuro traçar um paralelo e tirar lições, ver porque a
guerrilha urbana não deu certo, os erros que a esquerda cometeu e
ainda comete, ou seja, questiono minha pópria participação na
história, mas com o objetivo de aprender e renovarmos na luta e
continuar nela até a revolução. Sacou?
È isto ai. Estou louco para ler suas cisas e se puder contribuir com
alguma coisa, estou as ordens. Já lhe passei meu telefone, ligue
quando quiser e puder e apareça, aqui no Espirito Santo ou em
Brasilia, para onde devo voltar logo, até julho, creio eu.
Pequena Lua se formou em direito e virou especialista em direito
economico, hoje casada, mora na Suiça onde trabalha( como não podia
deixar de ser, num Banco) e não nos damos muito bem. Meu filho,o
Paulo, morreu há 6 anos atras em Vila Velha, aqui no Espirio Santo num
entrevero com traficantes.com um tiro na boca.
Tenho outros quatro, duas meninas de 4 anos e 13 e dois garotos um de
11 e outro tambem detreze. O de 11 e a menina de 4 moram comigo e os
outros dois com as avós em Brasilia.
Já escrevi demais, vamos nos falando mais como tempo.Abração
Luiz Aparecido

Em 11 de abril de 2010 12:47, João Teixeira escreveu:

Caro Luiz,

A coisa foi braba mesmo, heim?, cadeira de rodas é dramático. Qual é a causa
dessa doença de nome estranho, como é que se pega a bicha? Preciso me
prevenir!

Bem, desejo rápida recuperação para o amigo, Luiz amigo do Tadeu do DSV, por
onde andará? E a Lena, mãe da Pequena Lua, é a cara dos anos 70! Luiz, acho
que vc sofre da "síndrome de Vinícius", que teve 09 ex-mulheres. Vacilou,
casava!

Eu só tive 03, tô fora, já sou avô e quero mais respeito, né não?, não é
assim que os velhos faziam, eu que sou neto de Manuel José, o jagunço do
coronel Militão Coelho, da velha Chapada Diamantina.

Homem, estou fazendo política no PPS do Roberto Freire, meio aperreado com a
"mexicanização" da política brasileira, esse do um-ou-outro-outro-ou-um.
Acho que poderíamos ter uma mais séria e articulada, com mais opções neste
gigante tropical, que precisa conhecer o passado em direção do futuro -
hoje. Sou operador político e trabalho um candidato do campo democrático nas
eleições. Virei social-democrata ou alguma merda que isso signifique.

Minha paixão mesmo são os livros que estão no forno, sobre os anos de
chumbo, do qual vc foi protagonista. Tomo a liberdade de te mandar alguns
trechos, para ouvir tua crítica e opinião. Tem muita novidade por aí!!

Também edito o jornal do Fórum Permanente dos Ex-Presos e Perseguidos
Políticos de São Paulo- embora eu não tenha sido preso; perseguido, sim, nos
após-greve 79 e minha ação sindical. Nada grave, são outros 500. Descobri o
fórum em função dos meus livros, esse pantanal que foi a luta armada no
Brasil, virei "subvertólogo" e meu arquivo está crescendo. Estou negociando
com editoras e um esquema próprio de edição, preciso trocar umas ideias com
vc a respeito. Preciso do teu apoio e esclarecimento também, Jesus me disse
que vc está escrevendo a respeito.

Aproveitemos, pois, as ondas da rede.

Mande resposta.

sábado, abril 10, 2010

TomZé bota pra quebrar em Sampa este fim de semana!!!

O cantor e compositor Tom Zé quer descomplicar. Quer trazer a conversa para o palco e aporrinhar, no bom sentido, seus seguidores com estímulos de todos os lados. Por isso, nos três shows que apresenta no Sesc Pompeia, em São Paulo, a partir de hoje, a plateia será mais do que "apenas" a coadjuvante do lançamento do CD e DVD ao vivo, O Pirulito da Ciência – trabalho que compila sua trajetória, com canções que se popularizaram e também com aquelas que marcaram suas decisões de percurso durante seus 50 anos de carreira.

O público fará parte de um experimento que o baiano de 73 anos quer levar ao palco, sem saber muito bem como explicar: "Quero mostrar que toda ideia, por mais simples que seja, pode se transformar numa ótima realização. Basta você deixar ela quietinha por um tempo e trabalhar por um, dois anos, acreditar no potencial dela", diz o cantor.

"É assim que as minhas canções surgem, e foi assim que fui chamado de o 'pai da invenção' pela imprensa americana. Não sou gênio de nada. Sou um dos mais simplórios dos invencionistas. Só sei escolher as boas ideias e quero que meu público entenda que pode fazer isso também."

Tom Zé destaca essa característica por contar com um público cada vez mais jovem. E ele não fala de gente de universidade, jovens adeptos à subversão do Tropicalismo por osmose. "Tem gente de ginásio, de colegial. É para essa gente que estou cantando."

Entre marcos como "Augusta, Angélica e Consolação"; "Nave Maria"; "Parque Industrial"; "São São Paulo"; "Classe Operária" e "Menina Jesus", ele promete uma novidade para despertar a classe estudantil. "Vou fazer um arranjo de baixo, bateria e guitarra, mas como se todos os instrumentos soassem acusticamente. Explicar assim é difícil, mas no palco, mostrando, fica fácil de entender."

No show, Tom Zé se apresenta com a banda formada por Lauro Léllis (bateria); Cristina Carneiro (teclado/voz), Daniel Maia (guitarra/voz); Renato Léllis (baixo/voz); Jarbas Maria (percussão/cavaquinho/viola 12 cordas/voz) e Luanda (vocalista).

Serviço – Tom Zé em São Paulo
Teatro do Sesc Pompeia
Sexta e sábado, às 21h; domingo, às 18h
Ingressos: de R$ 5 a R$ 20
Informações: (11) 3871-7700